Hoje me peguei relendo a nossa última conversa. Na tela do whatsapp, a sua mensagem dizia “já venho”. Algum tempo depois continuei te vendo online, vendo suas piadinhas em grupos em comum, mas eu nunca tive uma resposta para o que estávamos conversando. No fundo, sabia que aquele era o seu jeito de terminar qualquer resquício que houvesse entre nós.
A verdade, porém, é que eu não precisava ter adivinhado e você poderia ter dito de uma vez, ao invés de ficar mantendo um papinho desconexo comigo durante uns dias, como se estivesse jogando umas migalhas para me manter por perto, mesmo que não estivesse mais nem um pouco interessado em qualquer coisa que eu viesse a dizer.
Essa coisa de jogar com os sentimentos dos outros é realmente uma merda. A vida seria tão mais simples se pessoas começassem a falar abertamente quando estivesse afim ou não logo que se conhecessem. Dessa forma, cada um poderia seguir seu caminho numa boa. Mas sempre tudo acontece ao contrário.
Você não pode mandar muitas mensagens para não parecer interessado demais. Não pode responder muito rápido para não parecer fácil. Tem que esperar que o outro venha falar contigo mesmo que você esteja se remoendo por dentro. Para você não é bom dizer que gosta e, tampouco, dizer que não gosta mais.
É uma pena, pois agora aquelas conversas de madrugada me parecem tão em vão quanto o tempo que gastei ouvindo você falar sobre coisas do seu dia que eu não fazia idéia do que se tratavam. Mas ouvia atentamente porque, afinal, na minha cabeça as coisas seriam mais simples do que realmente foram. E se a gente estava ali sendo sincero um com o outro, para mim estava realmente agradável. Mas me enganei. E provavelmente vou me enganar mais algumas vezes. Ainda assim, espero que a outra parte esteja sendo tão transparente comigo como tento ser. Diferentemente do que você foi.
Agora, meu querido, eu só te digo uma coisa: você podia ter dito adeus antes de ir embora e me poupar de tentar te decifrar. Você não foi o primeiro. Você certamente não será o último – assim como eu também não fui para você. Então, se posso te deixar uma última mensagem, só queria te falar que para a próxima pessoa que você resolver jogar seu charme, mantenha o que está passando aí dentro em alto e bom tom. Se quiser beijar, beije. Se quiser abraçar, abrace. Se quiser namorar, namore. Se quiser ligar, ligue! Não aja com irrelevância como se não tivesse alguém de carne e osso do outro lado. Não seja um babaca.
Não caia nesse roteiro idiota que as pessoas inventaram como se, assim, algum relacionamento realmente chegasse a algum lugar. O único lugar possível para ele chegar seria onde o nosso sei-lá-o-quê chegou, em um abismo de achismos. Em um fim. No nosso ponto final. Como esse. Como o seu “já venho” sem retorno deixou.
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