[Você pode ler este texto ao som de A Lua Que eu Te Dei]
Outro dia você me disse que tava com outro cara. Gelou a espinha. Outro cara? Como você poderia ter outro cara se eu gostava de você? Você nunca soube, garantiu. Como? Eu nunca te disse.
Timing é uma das coisas mais dolorosas do mundo. Não foi culpa tua, foi timing. Não era o meu, eu queria outras coisas, eu queria outras pessoas, eu só sentia um carinho enorme por você e por todas as coisas que você me dizia e mostrava e sorria e gostava tanto de você, mas não tava na hora. Sei disso porque uma hora eu parei de responder. Deixei seu telefone de lado e falei com outras pessoas. Conheci outros corpos, até acordei com alguns deles mais de uma vez. Voltei a fumar, voltei a correr, voltei a esbarrar com você pelas noites frias de São Paulo. Nunca te trouxe pra cá, mas te mantive ali.
Você era diferente, e justamente por ser diferente, nunca tive a coragem de te tratar como tratava os outros. Talvez, se tivesse tratado, teria deixado esses caras de lado pra ficar contigo. Ou descobriria que não gostava de você, mas da ideia que eu tinha de você. Afinal de contas, só te vi duas vezes na vida que me renderam setenta dias contigo, até você dizer que tava com outro cara. Se te levasse prum samba lá no Rio e tivesse falado como eu também amo Roberta Sá e decorasse todos os enredos que tu me cantou, as coisas poderiam ter sido diferentes. Mas não foram, foram exatamente iguais. Você foi só mais um cara que eu podia ter tido, mas não tive.
Eu perdi a hora, confesso. Mas isso não tira de mim esse sentimento seco de que você não me escolheu. Confuso e egoísta, não é? Eu não queria estar sentindo isso, te juro. Queria estar explodindo de felicidade por você, ou não ligar. Ah, tá com outro cara? Beleza, vai lá. Tô de boa aqui, tô conhecendo um monte de gente, tô adorando sair pra jantar e tudo mais. Mas a verdade é que não tô.
Você não foi o primeiro. Esse episódio tem sido recorrente. Eu faço as escolhas erradas e deixo um monte de gente pra trás. Escolho sempre seguir pelo caminho que vai dar em nada, meu terapeuta disse que isso era medo de ter alguma coisa real. Faz sentido. Ainda assim, me sinto incomodado, como se acendessem uma fagulha no meu peito e mostrassem o que eu perdi. Exatamente isso: eu perdi. Orgulhoso do jeito que eu sou, assumir isso é bastante doloroso. Não queria sentir isso, mas é meu atestado de egoísmo. Um dia eu aprendo a lidar com isso tudo.
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