Hoje, fazendo uma vistoria na minha agenda, eu apaguei você.
Apaguei seu número, apaguei nossas longas conversas sobre a vida e os vários sentidos e significância que ela tem.
Apaguei, ou pelo menos tentei apagar, as lembranças suas que são vivas aqui dentro. Apaguei a projeção que fiz de você. Aliás, não da pra falar de projeção sem citar as peças que o meu inconsciente me pregou. Acho que projeção mais inconsciente fértil resultou em mil pesadelos com você.
Perdi as contas de quantas madrugadas eu acordei chorando por ter sonhado com você. Sonhos bons e ruins. Perdi as contas de quantas vezes me culpei por tudo que não aconteceu entre nós e também por tudo que deixou de acontecer por minha culpa. Ou a culpa seria nossa? Isso não importa mais.
Perdi a noção quando me perdia no meu dia e na minha vida para vigiar a sua. Confesso que no início doía um tanto não ser mais um dos motivos do seu sorriso. Doía tanto não poder te abraçar e nem saber como você estava se sentindo. Doía ensaiar diálogos em frente ao espelho e ao te ver não conseguir verbalizar uma única palavra. Doía te ver em festas e não poder brindar contigo. Doía em dobro não poder te procurar quando eu precisava de abrigo. Mas seu abrigo foi uma das maiores projeções que eu fiz em relação a ti. Eu não te interpretei bem. Deixei o meu coração cegar o meu senso crítico e a minha razão e eu só conseguia te enxergar como um ser humano sem defeitos. Quanta inocência a minha em acreditar em perfeição, somos todos seres imperfeitos. São as nossas imperfeições que nos tornam únicos.
Mas você foi o único que me fez sentir o peso das minhas. Foi o único que me fez querer desaparecer e se possível voltar no tempo. Se eu quis voltar no tempo, isso significa que você também foi o único que me fez querer regredir. Porque voltar no tempo evitaria os erros mas não traria os aprendizados. E mesmo que ainda doe um pouco eu aprendi a sorrir para o que aprendi e a sorrir pela sua felicidade. Espero que você também tenha tido bons aprendizados. Se não comigo, com a vida e suas nuances intermináveis.