Pro primeiro cara que quebrou meu coração


Oi, moço que despedaçou meu coração.

Eu ainda era tão menina, mas quis tão intensamente que durassemos para sempre. Parecia tão certo que tivéssemos sido feitos um para o outro que cada obstáculo me fazia sentir desafiada a lutar por nós.

Acontece que os tais “obstáculos” eram, na verdade, os sinais de que nunca daríamos certo. Me lembro de cada uma das vezes que fiquei no portão, com frio, esperando até tarde e você não veio e sequer ligou. Eu estava tão cega que encontrava desculpas para seus deslizes que nem você mesmo se preocupava em explicar.

Você me feria cada vez que me dizia ser apenas amiga, mesmo me proibindo de sair com amigas, de conhecer outros caras, e eu não percebia seu jogo de me manter ali sem precisar me assumir.

Até que um dia eu tive que encarar: você saiu com uma amiga minha. E eu me senti tão humilhada e que finalmente me dei conta de que eu não era nada para você. Sofri tanto que minha mãe passou a dormir no pé da minha cama para me abraçar a noite, pois eu chorava até dormindo. Pensei que nunca mais recuperaria e que viveria sozinha para o resto da vida. E olha que eu tinha apenas dezessete anos.

A vida foi acontecendo e eu ainda ressentida, me contorcia para driblar as saudades. Meu primeiro amor era um emaranhado de ilusões e eu sofria de saudades de alguém que nem era como eu queria acreditar que fosse. Eu te amei tanto e com tamanha volúpia que me entreguei com certezas questionáveis. E me arrependi.

Mas, ao passar da vida, acabei percebendo que no fundo eu fui feliz, pois com você eu aprendi algo importante: não importa o tamanho da dor, o que importa é ter alguém que te abrace à noite enquanto você chora até que você possa finalmente voltar a caminhar.

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