Quando o amor não acontece


[Você pode ler este texto ao som de In My Place]

De vez em quando, acontece de aparecer na vida da gente alguém que desperta alguma coisa bacana em nós, não necessariamente paixão ou amor. Algum tipo de encantamento que faz com que essa pessoa se torne automaticamente interessante pra nós. O radar apita e lá vamos nós dispostos a entrar numa aventura amorosa que valha a pena, depois de muitas que acabaram em nada.

Encontro e mais encontros, vocês dormem na casa um do outro, conhecem alguns amigos, trocam aqueles olhares cúmplices que denunciam que realmente aconteceu alguma coisa. A relação vai decolando aos poucos. Tudo parece certeiro até o momento em que você para, algo acontece, você não se sente mais na mesma energia com a pessoa. Como num movimento automático, a vontade de estar junto diminui assim como a animação pro papo e pro flerte contínuo. Mas isso só acontece com você. O outro, que nem desconfia do seu afastamento espiritual, continua ali em outra página. Vocês se desencontram.

Quando isso acontece comigo, uma mistura de culpa e de “o que eu tô fazendo da minha vida amorosa?” bate desesperadamente. Ora bola, cara pálida, não era o que você queria, um desses amores que acontecem do nada e animam a vida da gente? Era, era sim. Mas acho que não é. Não tentei o bastante ou acabei deixando passar alguma coisa por conta da falta de tempo, da falta de atenção, da falta de algum incentivo mais forte? Nem um nem outro. Como diria um amigo: eu não me apaixonei. Ponto final.

Às vezes acontece isso. Acontece de você achar alguém legal e da coisa ir tomando corpo. De durar mais de três meses. De parecer diferente das últimas furadas em que você se meteu. E não deixa de ser diferente. Alguém conseguiu furar o bloqueio e chegar mais perto de você, só não chegou perto o bastante. Não existe culpa numa coisa dessas, existe a falta de sorte de não ter acontecido, por mais que você quisesse. Por mais que você ache a tal pessoa incrível e merecedora de todas as melhores coisas do mundo. Ela merece, talvez só não mereça você. Ou melhor, não vamos usar esse verbo, a gente sabe bem que amor nada tem a ver com mérito. É outra coisa.

O amor não acontece sempre, às vezes nunca acontece. Não é porque todos os sinais indicavam que aconteceria que você deve precisa entrar numa neurose ambulante de tentativas forçadas de fazer girar a manivela. Tire seu time de campo e deixe a outra pessoa livre pra apostar as fichas dela em outra pessoa, sem o ressentimento possessivo de quem queria porque queria tê-lo ali com você. É difícil pra caramba. Digo isso como quem já viu algumas boas pessoas passarem por aqui e teve que deixá-las ir porque não eram as minhas boas pessoas. É tão difícil que ainda hoje eu não me conformo quando vejo as fotos no Instagram e percebo que o amor aconteceu pra eles com outra pessoa. Pensamento egoísta, eu sei. No fundo, a gente deveria olhar pro lado bom disso: se aconteceu pra eles, uma hora acontece pra gente. E bola pra frente.

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