Um brinde aos nossos fracassos


[Você pode ler este texto ao som do cover de Ain’t Fun?]

Tava rolando a minha timeline do Facebook hoje e dei de cara com um gif mega compartilhado que parecia fazer todo mundo se identificar. Era um cara correndo para fazer um salto com vara. O problema é que o cara não conseguia completar o salto e a vara ainda o jogava pra trás, de cara com o concreto. Meus amigos se identificavam com a cena, diziam que era a vida deles, riam de si mesmos. A cena me divertiu.

É realmente engraçado quando reconhecemos nossos fracassos, aquelas falhas chatas que fazem com que a gente não consiga seguir com alguma coisa. Independente de quão tristes estejamos no momento e de quão difícil seja, perceber exatamente o que deu errado nos dá uma perspectiva diferente da coisa toda. Não tô dizendo que a gente tem que rir feito gente boba toda vez que erra, toda vez que perde algo, toda vez que fracassa. Ainda não cheguei nessa evolução espiritual toda pra achar normal fazer isso, falo mesmo é do ponto importante: reconhecer.

Quando a gente reconhece o fracasso, ele deixa de ser um inimigo invisível. Ele passa a ser aquele demônio que a gente precisa enfrentar, o chefão da última fase do Mario. É nele que nós mergulhamos para entender a trilha, os movimentos, as pessoas envolvidas, a nossa parte da culpa. E enxergar o fracasso dessa forma bem humorada nos livra de uma postura derrotista e nos dá a chance de não cometê-lo mais. Não olhar pro momento em que tudo deu errado nos faria pegar novas varas, repetir o mesmo movimento achando que tudo iria dar certo dessa vez e chamar a SAMU logo em seguida pra tirar a nossa cara do chão pavimentado.

Essa postura de olhar o lado bom da vida, o lado bom do erro, nos dá uma perspectiva de construção moral muito interessante. Utilizamos fracassos como escadas e não mais como obstáculos. Ele existiu, o tom doeu, bola pra frente. Agora é hora de entender por que, fazer o caminho de outra forma e pisar nele, superar o fracasso, rir do que aconteceu lá atrás. Os atletas mesmo só ficam profissas nas suas respectivas categorias depois de visualizar e sentir na pele todos os movimentos errados que já fizeram. Imaginem os tombos que eles continuam tomando, imaginem os ferimentos físicos graves que já aconteceram. Geralmente, todo campeão tem uma boa história de uma série de coisas que não deram certo até a vitória no pódio.

Somos todos saltadores com varas que às vezes quebram, às vezes enganam a gente, às vezes acertam de primeira. Nunca saberemos até a hora do salto. Mas, como em toda prática esportiva, é a experiência que leva à perfeição. E enquanto não chegamos lá, espero que a gente consiga rir de si mesmo caindo num gif de Facebook ou na vida real.


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