Porque sexo é do bom e amor é do bem em qualquer relação.


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[audio https://dl.dropboxusercontent.com/u/104739227/Amor%20e%20Sexo.mp3 |titles=”Amor e Sexo – Rita Lee”]

Reza a lenda (e até faz um pouco de sentido) que os homens gostam mais de sexo do que as mulheres. Longe dos enredos de novela das seis, a pré-adolescente sonha com o beijo do menino mais popular da escola, enquanto ele só pensa em meios de perder logo a virgindade. O universo feminino evoluiu com os salários igualitários, o direito de voto e os peitos de fora protestos para uma posição sobre o aborto. Mas quando se trata de sexo, de carne, do tindolelê-nheco-nheco-xique-xique-balancê, a conversa é outra. Mesmo aquelas que enchem as redes sociais com “homem é igual a biscoito, vai um vem dezoito” e fotos de decote são mais contidas do que a maioria dos rapazes (nem preciso dizer a vocês que toda regra tem exceção, certo?). O fato é que, no geral, homem pensa com a cabeça de baixo é mais sexual. E é então que imaginamos: se a verdade é essa, como é a relação de dois homens juntos, meu Deus do céu?

Os homossexuais, justa ou injustamente, ganharam certa fama de safadeza. Para provar o comportamento depravado, o povo do contra sempre divulga imagens de paradas gays, com homens se pegando loucamente (nada muito diferente de um ambiente cheio de luxúria como o carnaval). Eu mesmo não tenho problemas com isso. É até normal, depois de tanta repressão e medo, sentir desejo e vontade de se mostrar ao mundo e aproveitar um pouco de liberdade. A atitude tem até uma ousadia, um enfrentamento, um “me deixa viver”.  E aí, meu amigo, é mão aqui, mão acolá, procura por um beco ou uma árvore e ninguém quer segurar e muito menos amarrar o tchan. É muita testosterona junta. Fora desses movimentos, o jeito é procurar meios de não ficar na mão – literalmente. O corpo parece clamar por sexo. Alguns homossexuais dispensam beijo na boca, carícias e, em certos casos, até o nome do parceiro. Parece até que não existe o lance da conquista, dos olhares, da timidez para chegar junto e pegar o telefone. É sexo – puro e simples sexo.

Acontece que por trás de toda essa volúpia sexual masculina, os homossexuais querem de verdade um cafuné no cabelo, um convite para o cinema, um apelido carinhoso. Eles querem dormir de conchinha, mandar um torpedo de bom dia, dedicar uma música. Alguém para dividir as contas do apartamento e o peso das sacolas do mercado. Não precisa nem de casamento, mas de um abraço e um colo quando tudo parece desmoronar. A galera que beija rapazes quer realmente beijar, curtir preliminares, tirar com delicadeza a roupa do outro e, depois do sexo (com a esperança de existir realmente um depois), ficar abraçado naquela confusão de pele, pelos e suor. É a vontade de ter e ser de alguém. De conviver e viver com. De rir e sorrir junto. De chamar de meu e de mô. De se jogar nos braços e abraços. É amor – puro e simples amor.

Nada contra os homens que fazem sexo só pelo prazer, sem muito mimo, sem pretensões de futuro e sem vontade nenhuma de acordar em sua cama com o cara que conheceu na internet. Afinal, sexo é do bom. Mas eu acredito que todos os gays – seja analfabeto, doutor, ateu, crente, cantor de arrocha, Justin Bieber, macumbeiro, rico (cadê?) e até o Tinky Winky – precisa ir além. E triste de quem não sente as borboletinhas no estômago, a saudade bonita, a felicidade de cuidar e ser cuidado e a lindeza de encontrar alguém para enfrentar os olhares e preconceitos de toda uma sociedade e até mesmo da família. Sim, dois homens juntos podem até significar mais sexo. Mas quando eles entregam o seu coração e compartilham o sentimento mais belo de todos, eles significam, principalmente, mais amor. E amor, meus caros, é do bem.

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