[Você pode ler este texto ao som de Transatlanticism]
Tô voltando de mais um encontro legal. “Legal” é meio frio, né? Parece que foi bom, bacaninha, talvez a comida tenha sido boa e o papo tenha rendido umas risadas. Mas amanhã nem me lembro mais. É como falam no X Factor: foi bom, mas não foi memorável.
Tenho vivido de encontros que não são memoráveis. Começam num restaurante e se findam numa mensagem de “vamos nos ver?” que nunca mais é respondida. O último desses se arrastou por três meses até eu perceber que era tudo insistência, não interesse. Porque eu tinha que forçar o assunto, empurrar demais as engrenagens, senão a coisa não funcionava. E todo interesse manipulado acaba quando a gente cansa. Não me entenda mal, não é que a gente não tenha que se esforçar, a gente tem. O problema é quando não tem vontade nisso tudo e nós entramos num modo automático de só fazer esforço. Chegou uma hora em que parei e perguntei por que tava fazendo isso. Cri, cri, cri… Achei melhor parar por ali.
Encontro um amigo que me conta do namoro novo. Fico feliz por ele. Parece que deu de cara e já sabia que era aquilo e ponto final. Bateu saudades, sabia? Não de namorar, não de estar extremamente apaixonado, não de ter alguém pra partilhar a vida, mas de ter certeza. Não tenho tido certeza nem empolgação. Tô pleno. Acho que posso dizer assim, porque tô vivendo um momento tão bom e feliz na vida que deixei de lado meus relacionamentos. Ainda assim, insisto. Mais um encontro, mais outro ali, diminuí a quantidade de contatos e foquei em conhecê-los mais a fundo. Paro na regra dos 5 encontros. E são 3, 4, vai chegando perto do quinto e vou desaparecendo junto com o meu interesse. Desculpa, não é você, sou eu.
A gente se preocupa pra caramba quando isso acontece, né? Percebo nos meus amigos uma aflição enorme quando não vai dando certo com ninguém, quando ninguém interessa a gente. Parecemos ocos, meio vazios, super desinteressados estabelecendo um coração blasé que entra e sai do Starbucks com novas pessoas. Pelo menos, adoro frapuccinos.
Tento me recordar das últimas vezes em que me senti apaixonado, das vezes em que tive certeza de que gostava de alguém. Parece tão distante. Gela nessa hora, sabe? Pensamos que nunca mais vamos sentir aquilo – e, talvez, essa crença nos limite. Limita tanto a ponto da gente cortar, inconscientemente, qualquer pessoa que não nos tire do chão como as outras já tiraram. Faz a gente repensar essa frieza de interesse, mas calma aí, eu tava meio apaixonado há uns três meses antes daquele pé na bunda, o que é que aconteceu então? Não sei.
Sei que eu volto de mais um encontro e esse, provavelmente, foi o nosso último. Vou manter o assunto por alguns dias, o outro também. Vamos jogar convites ao ar, mas não é isso. Se fosse, não estaríamos incomodados com o silêncio da tela do celular. Eu não vou poder, o outro também não. Silêncio, mas não do tipo bom, é só mais um vazio ecoando mesmo dizendo que não foi dessa vez. Tudo bem, nem me incomodo. Não me incomodo mesmo. Porque sei que isso não vai parar agora e eu vou continuar por aí, entrando e desaparecendo da vida das pessoas. Não sei se vai durar por dois, três ou quatro encontros. Não sei quanto tempo vai durar até eu parar de fazer esforço, olhar pra alguém e ter alguma certeza. Essas coisas nunca são exatas. A única coisa que sei é que vou continuar assim: desaparecendo.
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