[Você pode ler este texto ao som de All You Had To Do Was Stay]
É aquele momento, não é? Aqueles poucos minutos antes de você bater a porta em que eu deveria insistir pra você ficar. Te dizer pra não desistir de mim, não desistir de nós. E sussurrar aquele discurso de sempre, crente que ainda dá pra mudar alguma coisa, e que não acabou, e que ainda dá pra nos salvar. Porque a gente sempre acha que ainda tem jeito mesmo depois do fim. Não acha? Mesmo quando a gente sabe que não tem.
É aquele momento em que eu deveria te lembrar do calor do meu abraço. Que eu te dava força quando cê chegava cansado do trabalho e irritado com seu chefe. E que eu te trazia uma taça do seu vinho favorito e ia comprar os queijos que cê mais gostava pra superar a tristeza de toda segunda. E que eu tava aqui quando você precisava, que eu sempre estive, até o fim.
É agora que eu deveria te mostrar aquelas fotos da nossa última viagem pra Nova York e chamar atenção pro tamanho do seu sorriso. Cê dizia que tava feliz ali, cê lembra? Cê sempre disse que eu te fazia mais feliz do que qualquer outra pessoa já tinha te feito. E eu devia te falar disso: que a gente não desiste de quem faz a gente tão feliz assim.
Eu devia te contar de todas as vezes em que fui sua base, sua amiga, sua mão entrelaçada numa madrugada qualquer. E de tudo que você foi pra mim – e que ainda é. Eu devia te lembrar do tanto que a gente riu e que rir é uma das coisas mais importantes em qualquer relação. E que, um dia, lá pelas quatro da manhã, você olhou nos meus olhos e disse que não ia desistir de mim. E eu me permiti acreditar.
É aquele momento, sabe? E enquanto você arruma sua mala e eu encaro a parede atrás de você, eu decido que não vou te impedir. Cê é livre, não é? E eu não preciso te lembrar da gente antes de você bater a porta e partir pra outra. Que a gente sabe, a gente sempre sabe, o que tá deixando pra trás quando resolve partir. E cê sabe do nosso amor, não sabe? E do tanto que a gente se amou.
Por isso que cê pode ir. Eu não vou te pedir pra ficar. Eu não vou te ligar depois de uma noite bebendo pra te contar que, porra, eu ainda te amo. Não vou te lembrar da gente como quem insiste em alguém que já não insiste em mim. Isso eu fazia quando era adolescente e queria muito que os outros me amassem. E, ainda que eu quisesse muito que você continuasse me amando, eu não vou implorar pelo seu amor.
Eu achava que cê devia ficar e eu até queria sussurrar um “fica, fica por mim, por nós, por tudo o que você jurou”. Mas acho que quando a gente cresce a gente começa a deixar as pessoas irem. E se você não viu amor em tudo, se você não viu amor nos abraços, nas risadas, nas viagens, nas madrugadas, no tanto que eu tentei te fazer feliz, em tudo que te entreguei e no jeito que eu me joguei por você, então não adianta nada do que eu falar.
Você não vai ficar.
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