“The Normal Heart” é um soco no estômago que você precisa tomar


Faz tempo que eu não paro em casa, no escuro e no silêncio, para ver um filme qualquer. No último domingo resolvi tirar um dia pra mim e pedi indicação no Twitter de um filme “forte e me que fizesse chorar”. Me indicaram “The Normal Heart”, filme produzido pela HBO em 2014 com direção de Ryan Murphy (Glee e Looking).

Antes de falar sobre o filme, eu gostaria de fazer um adendo sobre o pedido “forte e que me fizesse chorar”: eu raramente choro vendo/lendo qualquer coisa. Salvos poucos títulos, a maioria dos filmes emocionantes só me faz ficar embargado ou reflexivo. Nunca acredito nos filmes em que a maioria esmagadora diz que se debulhou em lágrimas e afins. Então nem levei muita fé na indicação, principalmente porque desconhecia a sinopse do filme.

“The Normal Heart” conta sobre um grupo de homossexuais durante o surgimento de uma doença misteriosa que se espalha e mata homens gays, e remonta aos anos das primeiras pesquisas e mortes noticiadas sobre a AIDS em Nova York – baseado em uma história real. Ned Weeks, interpretado brilhantemente por Mark Ruffalo, é um escritor que se torna ativista pela saúde gay (já que todos parecem dar a mínima para a doença) e tcharam: está instaurado o drama do filme. Ned é um personagem forte, crítico, que luta pelas coisas que acredita e não mede esforços para verbalizar seus ideias, mesmo que pareça agressivo ou assustador. Ele e Bruce, seu amigo que perde o namorado no início do filme, fundam uma associação para a saúde gay e saem em busca de financiamento para a pesquisa da doença.

O filme toca em duas grandes feridas da sociedade: o medo do desconhecido e de uma doença que mata pessoas próximas e se alastra sem que se saiba como e por que; e o receio de se perder quem se ama por conta da doença.

O filme é delicado e forte ao mesmo tempo. Triste e bonito, explora a humanidade, explora o amor entre homens e mostra como o sentimento é universal (homofóbicos choram). Entre citações ótimas, destaco uma: “você não pode parar de lutar por quem ama”. Explora o medo da morte e o medo da perda. Explora a falta e uma das cenas mais bonitas é quando Jim Parsons (o Sheldon de The Big Bang Theory) faz seu discurso em homenagem à morte de um amigo.

Me fez pensar em tanta coisa que não aguentei e chorei feito um bebê a partir da primeira hora do título. Me fez pensar sobre como a gente sofre tanto com relacionamentos que acaba aprendendo a rejeitá-los. O personagem Félix, jornalista gay do “Times” interpretado por Matt Bomer, diz a Ned que nenhum homem rejeita naturalmente o amor, nós aprendemos a fazê-lo. Isso revela uma ferida profunda no personagem, que mostra como os anos e os machucados vão nos tornando impenetráveis para o amor.

Outro ponto que me atacou diretamente como um soco no estômago foram as fatalidades do filme. Imagine você encontrar alguém que ama e, de repente, descobrir que o grande amor da sua vida pode morrer e você não pode fazer nada. Você o abandonaria? É tão delicado discutir isso porque, bem, você pode abandonar quem ama por medo, pode escolher lutar por ele e/ou pode vê-lo sendo arrancado de você aos poucos por uma doença cruel e sem explicação. O medo de morrer vai além aqui: é o medo de se perder quem a gente tanto quer bem nessa vida.

“The Normal Heart” tem uma trilha sonora maravilhosa que traz clássicos dos anos 80 de volta e alimentam a atmosfera dúbia do filme. Tem atuações excelentes e um elenco de ponta com Mark Ruffalo, Matt Bomer, Julia Roberts e Jim Parsons. Se eu fosse você, não deixaria de assistir ao título assim que possível. E prepare os lenços de papel.

bovonew

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