Ontem fui convidado pra pré-estréia do filme Boa Sorte, com Deborah Secco e João Pedro Zappa. Fui ver o filme sem saber de nada, sem nem ler a sinopse. Tenho feito isso de escolher o filme pelo título e pelo cartaz ultimamente, pra tentar ir de surpresa e sem expectativas.
Assim que cheguei ao Shopping Iguatemi, aqui em São Paulo, dei de cara com o pôster do filme me perguntando:
Existem vários tipos de amor. Qual você quer?
Engoli em seco. Não sabia qual tipo de amor eu queria pra mim, apesar de ter passado o dia me perguntando sobre isso. Bom, vamos lá. Pipoca e refrigerante nas mãos e uma sala de cinema cheia esperando os atores, a diretora e o roteirista pra abrirem a sessão. Feito o discurso inicial da Conspiração Filmes e dos protagonistas, começou aquele que julgo ser um dos melhores achados do cinema nacional desse ano.
“Boa Sorte” fala de amor. Ele todo transpira amor. É a história de João e Judite, dois jovens internados numa clínica de reabilitação. Ela está com os dias contados porque o fígado não responde mais aos tratamentos. Ele está começando a vida aos 17 anos com vício em remédios tarja preta. E o que você encontra na solidão e na loucura? Amor, no caso dos dois.
João e Judite contam uma história de redenção. Uma história de amor singelo quando ela diz pra ele que ninguém jamais a amou e ele responde que pode amá-la. Eu posso te amar, sabia?
Os dois contam a história do cuidado, de como a gente é invisível num mundo corrido, de como as pessoas que deveriam amar a gente simplesmente não ligam pra isso. O refúgio infeliz dos dois foi nas drogas, numa forma poética e doentia de sanar as dores de um mundo ignorante. João e Judite contam a história da menina que cansou de viver e do menino que quer viver por ela. Quer estar ali por ela e não importa quanta loucura isso envolva. Foi nela que ele encontrou um mundo.
Ela, artista, desenha sobre ele e sua forma de redenção. Ela tinha que ir e não podia levá-lo pra onde iria. Mas isso você só descobre assistindo ao filme e chorando, sim, chorando como eu chorei no fim, quando percebi qual tipo de amor eu queria ter.
Boa Sorte, de Carolina Jabour, estreia no dia 20 de novembro em todos os cinemas do país.