[Você pode ler esse texto ao som de Chasing Cars]
Eu te conheci num dia frio de setembro, embora você sentisse calor. A gente tinha se cruzado 12 vezes nessa vida e eu nunca tinha reparado nas pintas que você tinha nas costas, no modo enfezado de dizer que odiava os meus atrasos. Eu na sua cidade e você na minha, quando foi que a gente trocou, quando foi que a gente se misturou pra evitar um décimo terceiro desencontro? A tua superstição me mata e você pula pra décima quarta. Pena que dessa vez o desencontro vai ser pra sempre.
Quantas vidas a gente gasta tentando entender como o amor surge e como ele vai embora? Dessa vez não tem muito tempo, eu calculei pouco mais de 10 dias, pouco tempo pra te ver sob a luz do Arpoador e te dizer como os seus olhos são castanhos e como os meus ficam verdes na luz. Mas não sei se você vai reparar. Repara em mim e não para de me dizer as coisas que eu já sei, mas não te contei, conta pra me impressionar, pra me mostrar que consegue me ler. E lê também a minha carta de despedida quando tiver já no ar.
Eu escolhi você pra ser meu Doce Setembro, e espero que você entenda a referência. Ficaria um pouco frustrado se esse não fosse um dos seus filmes preferidos, mas entenderia. Me alertaram que só porque você gostava das mesmas coisas bizarras que eu, não significava que você era a minha alma gêmea. E por isso mesmo eu nem faço tanta questão de prolongar as coisas, você já me bloqueia, eu acho que você sabe disso, sabe que poderia atravessar o país meio machucado se não bloqueasse.
Deixa eu te contar uma coisa engraçada. Ontem eu passei no bairro onde você mora em São Paulo e podia te imaginar ali no Itaim Bibi. Eu, que nunca te vi em carne e osso, que só tinha sentido um pouco de alma e voz, podia jurar que te conhecia. Tenho essa mania de esboçar os outros, os amores que não tive, principalmente os amores que não vou ter. Talvez a gente não se suportasse por mais de uma semana, mas eu não vou saber. Talvez eu esbarrasse contigo na esquina e passasse direto – mesmo te achando uma graça. E eu continuo te rabiscando, desenhando, construindo aqui dentro.
Eu escolhi você mesmo sabendo que num 25, três dias depois do meu aniversário, você entraria num avião com escalas pra trocar o português por espanhol, cariño mio. Talvez eu tenha te escolhido justamente por isso, porque sabia que eu não teria que me preocupar com o que a tua tatuagem já supõe, com aquele what if que você traz na pele. E se? Não tem como saber, meu bem. Você vai e eu fico, mas antes disso a gente pode tomar um café. Eu te conto dos meus poemas e você diz que é de aquário. Prazer, eu sou o teu horóscopo inteiro, mas você não vai ter tempo pra saber disso.
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