[Você pode ler ao som de Rather Be numa versão acústica]
Se eu ficar, você promete que rega as minhas plantas pra eu criar raiz? Já tô cansado de ser passageiro, estrangeiro, esse nômade sentimental. Se eu ficar, você promete que aterra e me dá abrigo?
Se eu ficar, você lê uma história nas minhas costas com os dedos enquanto a gente encena a coreografia pré-sono? Eu prum lado, você pro outro, eu viro de bruços, você me abraça, as pernas mudam e eu acabo te segurando pra não sair mais dali.
Se eu ficar, você veste o meu pijama e tira a minha toalha do banheiro só pra me ver molhado, pelado, correndo pela casa descabelado enquanto gargalha de mim? Eu prometo não ficar bravo e você me abraça.
Se eu ficar, você rabisca aqueles trechos dos seus livros preferidos no meu corpo, e diz que consegue sentir o que eu queria dizer quanto toca na minha tatuagem? Faz assim, bem leve, como se eu não soubesse que você pode me arrancar a casa feito um tornado.
Se eu ficar, você me diz que a gente consegue ser feliz? Que aquela sensação de te ver cozinhando enquanto eu ponho a mesa, lá do alto do vigésimo primeiro andar com as luzes da cidade e um friozinho de 15 graus, diz que vai durar muito tempo ainda.
Se eu ficar, você me deseja? Mas me deseja com força, me deseja uma coisa bonita também, dessas que a gente leva de casa e serve pra fazer o dia passar mais rápido, me deseja feliz aniversário numa sala escura com uma vela e muito coração.
Se eu ficar, me diz que todo esse tempo foi espera, foi pranto errado, foi gente que passou, passado. E me olha fundo nos olhos, no silêncio, me faz querer botar uma música alegre e esquecer a discografia densa porque não combina mais com meu humor. Se eu ficar, você me inspira? Respira e diz que sabe que eu tô com medo por conta das últimas vezes, mesmo sendo o Sr. Independente, mesmo tendo dito que eu iria embora sempre, e me diz que não tem problema nenhum em querer ficar.