Nós somos a geração que só pensa em ter sucesso


Originalmente escrito por Brianna West aqui. Traduzido e adaptado pela equipe do blog.

Nós somos a geração que toma suco verde de manhã e que fez a comida vegana ser popularizada. Nós temos opiniões políticas, compramos nossas comidas com produtores locais e nos preocupamos com a quantidade de química que possuem os materiais de limpeza doméstica. Nós lemos feeds lotados de opiniões de senso comum e lacração. Todo mundo que a gente conhece parece existir apenas para corrigir o outro e provar quem é o mais consciente.

Nós compramos desodorantes com alumínio e temos blogs e meses cheios de bullet points na nossa agenda. Nós pedimos para os amigos tirarem fotos nossas para documentarmos o que fizemos, lemos livros de auto-ajuda (e não gostamos de chamá-los assim), compartilhamos coisas pessoais que as outras pessoas escreveram dizendo “isso é tão eu!”

Nós sempre tentamos burlar nossa evolução, tentamos encontrar outro atalho ou aprender uma nova habilidade ou parar de beber cafés caros de manhã para tentar economizar algum dinheiro para comprar uma casa. Nós sempre queremos mais seguidores nas redes sociais, sempre temos consciência do melhor horário para ganhar mais likes, e só consideramos algo real – de trabalho a relacionamentos – quando eles são online. Nós acordamos checando nossas notificações e vamos dormir fazendo o mesmo.E os pedacinhos da vida das pessoas que nós vemos? Basicamente, consideramos como se fosse o todo que existe sobre a vida delas.

Nós tomamos suplementos personalizados e relemos nossos textos da faculdade e ficamos navegando no Netflix quando, inevitavelmente, nós surtamos porque é muita coisa pra fazer. Nós somos espertos e autoconfiantes e temos que reaprender a conviver com alguém porque temos nos ensinado que confiança é uma fraqueza. Nós falamos o tempo todo sobre os fenômenos sociais e psicológicos como se tivéssemos todas as respostas para mudar o sistema em que vivemos numa grande utopia. Nós valorizamos “a conversa” e rejeitamos julgamentos, enquanto julgar tem sido tudo o que fazemos conosco e com as outras pessoas.

 

Nós nunca estamos onde queremos estar e pensamos que temos que ser os próximos “escolhidos”. A próxima sensação da internet, o próximo __________________ (insira aqui alguém muito famoso que você admira). Todo mundo acredita que tem um romance dentro de si, um plano de negócios que ninguém nunca pensou antes, uma filosofia sobre algo que poderia mudar o eixo do planeta Terra, se tivessem tempo ou dinheiro para começar a fazer algo com isso.

Nós não temos certezas sobre o futuro. Nós compramos sabedoria e usamos pingentes de cristais e enchemos nossas casas com plantas cujos nomes nem sabemos. Nós fazemos yoga e gastamos um bom tempo na academia. Nós aprendemos a cozinhar no YouTube e temos opiniões fortes sobre tudo. Estamos sempre ocupados. Estamos em um relacionamento sério com o vinho. Nós temos uma rotina de cuidados de pele e cuidados pessoais e estamos sempre prontos para as câmeras. Nós não temos gostos, nós temos identidades. Nós lutamos por aceitação. Nós folheamos e dizemos que lemos. Nós ouvimos e dizemos que escutamos.

Tudo é uma oportunidade pra foto ou uma liquidação imperdível. Em vez de espaços publicitários, eles nos compram. Nossas roupas, nossa comida e nossas contas no Instagram, perfeitamente taggeadas com as marcas que fazem parte da nossa rotina. Nós achamos que falhamos se não começamos um novo negócio ou fazemos algo único, interessante e com “cara de história de livro”. Sempre existe algo que temos que melhorar. Nós não queremos um casamento e uma carreira, nós queremos uma alma gêmea e um propósito. Nós dizemos que se pudermos impactar “uma única pessoa na vida”, isso valerá todo o trabalho gasto. Talvez estejamos só nos projetando nisso, porque existe realmente alguém que parecemos não conseguir salvar, e somos nós mesmos.

Nós somos os filhos da geração que disse: “você pode ser qualquer coisa”, e nós ouvimos: “você tem que ser tudo.” Nos ensinaram que o sucesso era algo que nos faria ser vistos, e começamos a pensar se, talvez, não fosse algo que nos faria desaparecer.

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