Eu já perdi a conta de quantas semanas se passaram desde a última vez que a gente se viu. Desde que eu te toquei pela última vez, não sabendo quando (ou se) faria aquilo de novo. Desde a última vez que eu soube que o seu corpo era o único cais que eu queria para a minha vida. Mesmo sabendo que eu não poderia pertencer ali.
Já perdi a conta de quantas vezes o nosso filme passou pela minha cabeça, o supercut com as nossas melhores cenas, com seus melhores sorrisos, com a sua pele ficando ao alcance da minha boca e seus pelos me mostrando que você queria mais. Os flashbacks onde eu procurava as palavras que eu atirei sem querer de volta e que te magoaram. Eu tentei pausar antes e tentar mudar as coisas, mas o destino é assim.
Seguimos.
Você tentou rebobinar e mudar alguma coisa? Você se arrependeu de ter feito algo que sabia que me magoaria, ou aquele dia você só fingiu estar bêbado para se respaldar de culpa enquanto você cuspia tanta coisa para rachar a minha cara que te olhava sem entender?
Eu não culpo você nem nada, eu sempre achei que a boca só diz o que do coração está cheio. Mas se seu peito era só mágoas, seu sorriso nunca denunciou.
Acho que você nunca percebeu o quanto eu pensava em você e não tem nada de novo nisso, sempre esteve tão estampado na minha cara quanto o brilho nos meus olhos sempre que seu nome era mencionado ou você era descrito. Era como se eu pudesse colocar um holofote em você com tanta admiração que emanava de mim.
Mesmo assim, uma vez me disseram que nem toda beleza do mundo consegue sustentar certas coisas, e se eu sentia tanto, o peso consequentemente seria demais. Certo?
Eu rachei, você me quebrou.
Não deu tempo da gente se colar antes de desistir e ir embora.
Não sei nem se você sentiu alguma coisa me vendo ali, parado, esperando que você voltasse e me dissesse que sentia muito.
Talvez você não sentisse.
Mas tudo bem.
Eu ainda sinto.