Eu passei 95% da minha vida sem comemorar o Dia dos Namorados. Nunca aconteceu de me encontrar num namoro ou algo do tipo com alguém nessa data e, inclusive, terminei meu relacionamento em 2014 uma semana antes – ainda bem que não tinha comprado presente. Então sempre encarei o 12/06 (ou o Valentine’s Day) como uma data pouco simbólica que só servia pra ver casais felizes nas redes sociais trocando declarações e reafirmando o que sentem pelo outro. Fofo.
Mas eu podia ter sido um outro tipo de ser humano nesse dia. O Grinch dos relacionamentos. O mau humorado do amor. O recalcado do dia dos namorados. Aquela pessoa que poderia simplesmente fazer como faz em outras datas comemorativas como o Dia da Árvore ou o Dia de Finados e passar batido, mas não: ela faz questão de expressar de várias maneiras diferentes como não tolera quem comemora o dia, já que ela não o faz.
O chato do Dia dos Namorados costuma utilizar de vários mecanismos para se mostrar descoladão e dizer que tem preguiça dos casais. Ou ele ataca diretamente casais com piadinhas do tipo “seu namoro é tão lindo que até eu participei”, ou ele dá um jeito de desdenhar e se incluir na data “o dia é dos namorados, mas a noite é dos solteiros”, ou ele demonstra uma carência absurda “se alugando” pra data ou “invejando” quem comemora.
Eu, particularmente, nunca entendi isso. Não é como se fosse uma data sagrada que fizesse cair presentes das árvores pra quem namora. Não é como se todo relacionamento fosse lindo, maravilhoso e exemplar. Não é como se namorar fosse a melhor coisa do mundo (ou como se fosse a pior). Sempre foi uma questão de sorte, preferência e de uma simples questão: estar ou não num relacionamento que queira comemorar o dia. Conheço milhares de casais que não estão nem aí pra data e se importam muito mais com outros momentos do que a dinâmica de pegar fila em restaurantes ou alimentar o comércio capitalista com presentes. Tem opção pra todos os gostos.
Acho que a pessoa que se incomoda tanto com a data e tenta chamar a atenção pra si mesmo e pela maneira como desdenha ou morre de raiva de quem comemora o Dia dos Namorados diz mais sobre nós mesmos do que a percepção que temos do outro. Neste ano, pela primeira vez, eu vou comemorar a data. E isso não muda em nada os outros 23 anos que não comemorei. Não me faz mais especial ou menos “descolado”. Não me torna mais romântico ou mais amargo. Não muda porcaria nenhuma. E não deveria mudar pra você também.
Então, se você não está num relacionamento, faça o que faria com qualquer segunda-feira da sua vida: deixe pra lá. Destilar todo o ódio e rancor em cima dos pobres casais apaixonados e grudentos e bregas e um monte de coisa que a gente é (na sua concepção), não vai mudar em nada a sua vida. Segue em frente, tem outras datas (que têm mais comida e, por isso, eu considero mais importantes) pra todo mundo comemorar.
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