[Você pode ler este texto ao som de Super-Herói]
Em algum momento da minha vida, eu disse “cara, você tem que dar conta de tudo, você tem que ser forte pra caralho” e levei isso pra vida. Sempre me dividi em 300 pra fazer tudo, porque se não fosse do meu jeito, não seria bom. Sempre enfiei a cara, deixei de dormir, de ligar pra alguém importante no dia do aniversário, de visitar a minha avó no aniversário de 90 anos dela, de estar com o meu cachorro quando ele morreu em prol de uma vida em que eu tinha que dar 100% de mim.
Não posso dizer que isso não me rendeu boas vitórias. Rendeu, tem rendido. Foi um combo perfeito de oportunidade e aproveitamento que me trouxe até aqui. Uma coisa ou outra escapava, mas eu tava lá pra botar tudo nas costas e continuar. Até que.
Até que eu parei de ter vontade de levantar do meu colchão pra fazer alguma coisa. Passava os dias trancado no quarto, com o celular e o computador nas mãos, pedindo delivery pra não ter que sair de casa, dividindo apartamento sem nem ver a cara das outras pessoas que moravam comigo. Passei a me isolar ainda mais e a ter um profundo desgosto pelas coisas que eu fazia. Não tinha alegria em ler, não sentia prazer em escrever, não queria me mexer. E foi aí que eu me frustrei mais ainda.
Sabe quando as coisas não estão dando exatamente errado, mas o seu espírito não está conectado com o que está acontecendo? A sua vida tá passando bem na sua frente e você não quer acompanhá-la. Você só quer ficar deitado na porcaria de uma cama olhando pro alto porque o seu corpo não reage. O seu humor não reage. O seu corpo sente frio e vontade de ficar parado. E sua cabeça não pára. Chega a doer de tanta coisa que passa por ela.
Olha, chegou num momento em que eu não tava dando conta mais de tudo sozinho. Descobri que eu tava passando por um quadro de ansiedade severa junto a um início de depressão que alteravam meu humor no dia a dia. Você sabe o que é levantar pilhado e cheio de energia e parar de fazer as coisas no meio da tarde por incapacidade de seguir em frente? Sua mente te congela, a adrenalina aumenta, você se sente incapaz de completar uma simples atividade de trabalho.
Mas não é nessa parte que eu quero focar.
Esse quadro inteiro me fez começar a ter algumas atitudes que antes não tinha. Eu passei a ligar mais pras pessoas. Passei a querer encher a casa de gente boa e boa energia. Passei a querer me reconectar com os elos que eu tinha deixado de lado. Quando você mora numa cidade grande como São Paulo, é comum que o tempo seja escasso. É mais difícil ainda que a sua vida não gire em torno de trabalho e afins. Mas e as conexões humanas? E a parte em que a gente entende que não é super-herói e, mesmo que não consiga admitir que não é, quem disse que super-herói não tem, fraquezas? Eu tenho um monte. E elas me derrubam.
Foi com isso que eu percebi a importância de ver gente, de trocar energia, de querer bem e ser querido. De poder contar com a ajuda dos outros. De baixar a guarda e admitir que não estamos dando conta. De pedir ajuda, de dividir a vida. De não me isolar. Foi nesse momento que eu percebi que eu não preciso dar conta de tudo sozinho, que não preciso carregar o mundo nas costas. E também entendi que vai ter dia em que vai ser impossível me descongelar. Vai ter dia que a ansiedade vai me vencer, mas não precisa ser todo dia. Não preciso lidar com isso sozinho. Aliás, é um erro nosso achar que não precisamos procurar ajuda médica, na espiritualidade e nas pessoas que nos rodeiam. A gente não tá sozinho. Olhar pra tudo isso e decidir que vamos tentar ao máximo não deixar que isso nos jogue pra baixo é o primeiro passo pruma vida mais feliz e positiva.
A gente consegue. E não precisa conseguir ser sozinho.
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