Estou pensando diversas formas de começar te dizendo tudo o que quero e, em todas elas, só consigo pensar em algum palavrão bem feio, seguido de diversas exclamações. Talvez eu gritasse… Não, seria bem provável que eu gritasse, sentindo um alívio gigante por tirar da garganta essas palavras que dificultam que eu respire.
Eu nunca quis os joguinhos, e já te contei isso. Não sei lidar com meios termos, com ‘ligo agora, ou espero depois’, com ‘respondo agora, ou me finjo ocupada’ e outros mimimis exagerados que fazem a nova geração perder tempo demais. Sempre soube que não tinha tempo, então deixei bem as claras todas as vontades, certezas e, como não?, indecisões.
O fato é que eu não queria te querer como eu te quero. Eu não queria sentir você pulsar em cada milímetro do meu corpo e não queria reagir como uma adolescente cada vez que escuto teu nome. Eu não queria sentir as armaduras se formando em minha volta, numa tentativa vã de que não me machuque. Eu não queria me ver recuando, ponderando, pensando, evitando, jogando, na expectativa de que todo esse querer se dissipe e se transforme numa brincadeira boba.
Eu não queria te querer, porque dói. Eu não queria te querer, porque me assusta. Eu não queria te querer, porque estava tudo indo muito bem antes de você aparecer com esse sorriso bonito e esse olhar maldito. Eu não queria te querer me querendo. Eu não queria te querer me invadindo a pele, a alma e o peito. Eu não queria te querer tatuando teu cheiro em mim, descobrindo pedaços meus e me desvestindo inteira, me fazendo tua.
Caralho!
Eu não queria te querer, mas te quero.