Você não muda porque não quer


Qualquer mudança na nossa vida começa com o desconforto. Ninguém nunca sentirá a necessidade de mudar uma coisa com o qual não se incomoda, certo? Mas a insatisfação não é o suficiente para que essa transformação aconteça e isso não é nenhuma novidade para nós, detentores de listas de resoluções para o novo ano que nesse momento já foram quase abandonadas (e só estamos em fevereiro).

E isso acontece por alguns motivos que vão além da preguiça de agir de acordo com o que você deseja alcançar, o fator número um da procrastinação das dietas e da estagnação da poupança.

Um dos principais é o fato de que muitas vezes não enxergamos a real motivação de uma mudança. Por isso, preferimos lidar com todos os infortúnios de não começa-la do que simplesmente reconhecermos que não o fazemos porque nem nós sabemos muito bem o que queremos com ela. Se você quer perder cinco quilos – que seja – precisa entender seu objetivo por trás disso e reconhece-lo como legítimo, por mais fútil que ele pareça ser para você e para os outros.

Além disso, é essencial entender que é normal vivermos sempre em três tempos diferentes: passado, presente e futuro. Você nunca será capaz de esquecer o passado, pelo simples fato dele ter te tornado quem você é hoje, mas também não é saudável passar a vida se remoendo ou se culpando por coisas que não são passíveis de mudança. E mesmo que a possibilidade de deixa-lo de lado existisse, eu não aconselharia ninguém a apagar uma história que trouxe muitos aprendizados, pelo simples fato disso abrir a possibilidade dos mesmos erros serem cometidos.

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Também não adianta querer viver nos extremos do presente ou do futuro. E apesar de parecer uma frase piegas, pense em quantos caminhos você está deixando de trilhar por medo de onde irá chegar ou se de fato aquele que está seguindo hoje vai te levar aonde você quer chegar amanhã. Viu como a relação entre presente e futuro não pode ser apagada e precisa ser sempre considerada?

Voltando aos cinco quilos, se você deseja mesmo se livrar deles, não faz sentido nenhum continuar comendo uma barra de chocolate por dia, se culpando e prometendo a si mesmo que na próxima segunda-feira as coisas serão diferentes. Ou no próximo mês. Ou ano. Porque é justamente tentando se enganar, já que é bem mais fácil acreditar em uma mentira do que modificar seu comportamento, que você passará um bom tempo da vida desejando ser o que não é, enquanto só age para continuar sendo o mesmo.

O autoengano é, dos motivos que te impedem de mudar, o mais cruel deles. Já parou para pensar nas mentiras você conta a si mesmo todos os dias, até se convencer de que tem motivos para continuar fazendo o que faz? Fazer isso pode ser tão dolorido, que será difícil continuar acreditando que é melhor viver assim do que abrir mão daquilo que já não move em direção aos seus objetivos, porque até eles podem já não ser mais os mesmos.

Boa parte do que você tem hoje é exatamente o que desejou ter um dia, mas você continua sendo a mesma pessoa que quis ter o que tem? E se os resultados dessas suas escolhas não te fazem mais feliz, por que tanto apego a eles?

Às vezes é preciso parar e pensar sobre tudo isso. Colocar no papel, bem como as metas de ano novo que se repetem porque já perderam a própria razão de ser.

A dor da renúncia e o medo de mudar não podem impedir sua alma de ir até onde ela gostaria de estar. Por tanto, toda vez que começar a cair nessas armadilhas que atrasam sua vida e aquilo que tanto almeja alcançar, pergunte a si mesmo se já começou hoje a ser quem você gostaria de se tornar.

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