É fácil amar à primeira vista.
Tem quem não acredite, mas é realmente fácil encontrar um amor de primeira vista. Estamos lá, desatentos, caminhando numa estrada qualquer, desenrolando nossa rotina e, de repente, a gente tropeça, cai e um par de mãos te oferece ajuda. Pronto, amor à primeira vista. Ou então você está parada na fila do banco e atrás de você tem um rapaz cheiroso e simpático… Outro amor à primeira vista. Tem também a vez que você está linda e irritada, num empurra-empurra infernal para pegar um chope na Oktoberfest, aí um homem te estende o copo e te dá uma piscadinha. Novo amor à primeira vista.
Viu? É fácil demais amar à primeira vista.
Mas e amar à segunda, terceira, quarta, octogésima quinta vista? Primeiro você se encanta, suspira, sonha acordada com as covinhas que tem no sorriso, sente o perfume nalguma outra pessoa e amolece inteira… Mas, e depois? E quando você se depara com o cansaço depois do trabalho? E quando você vê que o rapaz do sorriso cheio de covinhas é também cheio de manias? E quando você descobre que ele tem preguiça de se arrumar domingo de manhã e não é tão cheiroso assim quando acorda? E quando você sabe que a comida que você mais adora é a que ele mais detesta? Como fica?
Você pode me dizer que não acredita em amor à primeira vista, que isso não existe, que é impossível… Eu irei discordar. Simples assim. Amor à primeira vista é fácil. O problema em acreditar é porque, normalmente, amor à primeira vista não passa disso: de uma simples primeira vez. É muito fácil amar nos primeiros cinco minutos, enquanto o outro se congela na sua frente sem respirar, ou transpirar.
Amar é pra além do que os olhos podem ver no primeiro instante, é enxergar adiante, é saber contornar as picuinhas do dia a dia. É entender que basta um olhar demorado, capaz de iluminar a alma pra nos fazer apaixonados por instantes, ou simplesmente amantes de uma vida inteira, inteirinha.