Não procure um namorado


Não procure um namorado. Não se apegue à ideia errônea de achar que o amor é resolução dos problemas, porque não é bem assim. Martha Medeiros já nos avisa há 16 anos: “Quem sabe o amor seja a recompensa por termos resolvido nossos problemas.”. E cada vez mais fico convicto que a gaúcha tem razão.

Talvez hoje tu gostarias de estar de boas ao lado de alguém, talvez na fila de algum motel antes da meia-noite, talvez dentro de um restaurante ou comendo pizza e assistindo aos Normais, se pra ti a data for eloquente apenas para a publicidade. Esperar por alguém não é pecado, manter o romantismo não é assumir a vulnerabilidade, o problema está em esperarmos demais, vender a esperança para a espera, em colocar a cadeira de praia na frente de casa e ficar pensando que qualquer sujeito que diga olá, possa ser a continuidade chegando.

Procurar um namorado é perda de tempo, porque não se trata de procura e sim de trabalhar a reciprocidade para que um dia o relacionamento aconteça. Não é como num filme que a tímida se apaixona pelo bonitão loiro e pá, Taylor Swift de fundo. Não é como encontrar alguém incrível no bar (mesmo que os dois amem o mesmo filme, o mesmo Tiago Iorc) e no dia seguinte registrar em cartório o compromisso. Namoro não é garantia de nada, nem mesmo de fidelidade, mesmo que esteja explicitamente gritando para um dos dois em uma das cláusulas. Queira lealdade antes de rótulos. A lealdade é mãe da fidelidade; ela diz o que acontece ou não. Queira alguém que tu possas ser tu mesmo na tua melhor versão. Entenda que namoro é construção, é conhecer o outro, é também ter a oportunidade de te enxergares diante do novo. É saber se os defeitos serão suportáveis e se vai existir alguma coisa ali que tu irás amar tanto, a ponto de não teres mais vontade de ir embora.

Anote na geladeira que o amor nunca será garantia de nada, ninguém garantirá com precisão, porque o tempo é o único fiador. E ele muda conforme os ventos. Promessa é o rivotril do desespero, serve para apenas para estabilizar o medo do inverso. Acredite mais nas ações, quase pouco nos discursos estruturados. Não procure um namorado, procure alguém que esteja disposto a viver histórias contigo. Depois tu te dá o trabalho de pensar um bom nome para o livro. Construa a história antes de querer vivê-la.

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