Tu, definitivamente, és a Summer. Caso não que saibas, eu te explico o porquê.
Desprendida, distante e tão bagunçada no próprio passado, que não consegue perceber as coisas boas que acontecem ao teu redor. Vive toda programada para não correr riscos, que se autobloqueia quando o sinal vermelho anuncia interesse dedicado do lado que não seja o teu. A sensação que tenho quando alguém se aproxima, é que tu parou de dançar e passou apenas a acompanhar a vida com os olhos. Nem teu corpo mais responde aos estímulos do embalo nem consegues chorar com os comerciais da Panvel. Só se deixa levar pelo blasé. Não existe mais aquela vontade de fugir do sofá em um domingo à tarde.
Eu posso imaginar o estrago que fizeram contigo antes de eu chegar, mas nem de longe é motivo para ainda segurares estas correntes enferrujadas, cheias de pó, herdadas de um passado morto.
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Tua alma está cansada e dá pra ver de longe. Dá para perceber o quanto ainda te falta segurança quando seguram tua mão com carinho e o quanto ainda te falta malícia quando te perguntam se existe câmeras na biblioteca que tu frequentas. Enquanto tu ficas lá, tentando me convencer de ter um mapa astral, eu avalio a inutilidade de ter um, se eu já sei que o teu sorriso combina muito bem com o meu.
Definitivamente, sinto-me um eterno Tom. O mesmo Tom Hansen que cria expectativas sem a menor possibilidade de criá-las, que é tão inocente na sua própria loucura, tão ator ao fingir não se importar com a casualidade.
Espero que tu te cures. Trate de cuidar das feridas e colar bem grande na porta do teu quarto: “Tudo Passa”. E não se culpe caso queime um pouco os dedos, queimar lembranças têm disso. Será preciso, se tua ideia for pôr fogo no colchão mais tarde. Vai por mim.
Desejo guarda-chuva na mochila em noites de temporal depois da aula,
pizza com café e moletom emprestado no dia seguinte antes do trabalho,
mais piqueniques cuidadosamente elaborados por alguém especial,
e que tu voltes acreditar no amor,
assim como a Summer se desfez de sua crença ao encontrá-lo no final do filme.
Espero que tu fiques bem.
Espero que um dia tu reapareça.
Não necessariamente pra mim,
mas pra vida que te chama.