[Você pode ler este texto ao som de Rise Up]
Cenário: Buenos Aires, 2016. Domingo, vinte e duas horas. Vinho e um jantar que era pra dois, mas acabou sendo só pra um porque meu amigo passou mal e ficou o dia todo no quarto.
Restaurante quase fechado e só você nele. Digo, eu. Desculpa pela confusão das palavras
Bate a vontade de escrever. Mas é sobre ele. Na verdade, é pra ele. Ele, que transbordou pelo meu primeiro livro inteiro. Ele, que continua ali cutucando o meu coração ensanguentado no braço. Ele, que tá pouco se lixando pro livro que eu dei – e que não deve ter sido mais aberto depois que as portas do avião fecharam.
Eu não penso em contas pra pagar, em arrumar a mala, na música bosta que tá tocando, no que vou fazer da vida quando descer do bendito avião. Não penso no cara gato que chama no Tinder, nas opções de salada do cardápio, em editar as fotos, nas obrigações da semana, em como vai ficar a minha vida depois de tudo isso. Nada disso.
Eu só penso nele. Em como queria que ele tivesse aqui, encaixado nessa pintura que eu fiz da viagem. É como um quebra-cabeças de um milhão de peças. Você nem percebe que tem algo de errado porque é coisa pra caramba pra observar, mas quando se dá conta, ah… O problema é quando você se dá conta do estrago que a falta de uma peça faz.
E ele já foi, sabe? Tenho a sensação de que passou e que só eu fico voltando e voltando e voltando nisso, não importa quantos outros caras já tenham passado depois dele. Ele continua entranhado, e isso machuca. Ele continua numa música, num filme estrangeiro de comédias românticas em que eles acabam dando certo, e isso machuca. Ele continua, eu não.
Mas ele tá longe, num outro país que também fala espanhol, sem ligar muito pro que eu queria que tivesse acontecido. E por mais que eu quisesse contar outra história pras pessoas – pra não ter que falar daquela história patética de me apaixonar pelo cara que nunca me quis – eu acabo a noite com apenas duas coisas: uma taça de vinho na mão e essa história patética no peito.
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