Quando você finalmente parte pra outra, e ele vem atrás


[Você pode ler este texto ao som de Everything I Wanted]

Você finalmente conseguiu engatar alguma coisa que não seja um pote de sorvete e os filmes da Bridget Jones no sofá de sala. Passou por todas aquelas fases delicadas de sair com alguém, contar tudo de novo, fingir que gostou das piadas ruins e do remix péssimo que ele sugeriu pro encontro. Voltou pra casa e pensou em todas as quatrocentas possibilidades sem se preocupar com alguma mensagem do dito cujo que perturbava a sua mente – porque ele tinha sumido.

Num belo dia de sol com temperatura amena de dezoito graus Celsius, você percebe que pensa em outra pessoa. E não é mais nele. É outro. Alguém novo que, você não sabe explicar como, mas conseguiu furar algumas coisas e entrou aí na sua vida. Ufa, que alívio! Bate uma felicidade tão grande que dá até vontade de pegar a trilha inteira de Mamma Mia e sair pulando pelas ruas da cidade em horário comercial.

Você não está feliz só por estar se apaixonando de novo, mas principalmente por não manter aquele peso que ele representava na sua vida. Aquelas conversas inacabadas, aquelas idas e vindas, aquela total falta de consideração pelo o que você sentia. Ele só aparecia quando precisava de alguém sensato pra falar sobre a vida, ou quando precisava de um favor, ou quando precisava de um buraco pra meter – verdade seja dita. Todos nós já passamos por essa coisa de ser capacho de alguém. E não é qualquer capacho, não, é aquele bem bonitinho com um sorriso de orelha a orelha que não percebe quão pisado tá sendo.

Mas acabou. Você sobreviveu aos Jogos Vorazes do ex (rolo, namorado, ficante ou o inferno que seja, mas que agora é ex) babaca e já pode comemorar a sua vitória. Já pode pegar tuas coisas pra ir dormir às sextas na casa do novo gajo, que nem de perto lembra aquela estrupício pelo qual você se apaixonou e dedicou noites em claro.

Eis que o telefone toca. Número desconhecido. Você não reconhece o 6 e o 8 no final do telefone. É cilada, Bino. Mas você não sabe disso e atende. Ouve uma voz distante, parece os gritos do comandante do Titanic. Você tenta se lembrar de onde conhece a voz familiar, sua cabeça tenta enviar um alerta de que ainda dá tempo de fugir antes que o navio afunde, mas você insiste: é ele. E você treme. Não sabe o que dizer. O papo de sempre: bateu saudades, como é que você tá, vamos nos ver?

Trinta coisas passam pela sua cabeça. A mais óbvia delas é jogar na cara dele todas as coisas que sua paixão atual é que ele não é. Vingança das boas, parece até o Grand Gateau do Paris 6. Delicinha pra ser degustada sem preocupações, mesmo que vá piorar teu colesterol. Você deixa a frase na ponta da língua: quer falar sobre as habilidades sexuais, sobre como ele é mais carinhoso, sobre como ele não te chama só quando quer alguma coisa, sobre tudo o que ele tem de melhor. Você quer ferir o ex-amor e fazer com que ele sinta um pouquinho do que você sentiu. Você se prepara pra atirar tudo nele quando, subitamente, percebe que não vale a pena. É isso que ele precisa: que você se envolva, que entre no jogo dele. É areia movediça. Nesse terreno, ele joga sem camisa e na chuva sem perigo algum de gripar.

Nessas horas vale a máxima das operadoras de telemarketing e você mente sem perceber que diz a verdade: não é ela. Essa daí não mora aqui – e não mora mesmo, essa aí já foi faz tempo. Foi engano – dos grandes, daquele que você não quer repetir nunca mais e, por isso, percebe que cair fora é a melhor coisa que você poderia fazer.

E desliga o telefone.


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