[Você pode ler este texto ao som de Pra Sonhar]
Outro dia me deu uma saudade, um aperto no peito. Senti seu cheio num estranho, vi você entrando naquele ônibus que vai para o lado mais longe da sua casa. Quase ouvi o telefone tocar. Claro que não era você.
Fui até aquele café que a gente ia, vai que, por um acaso, você resolveu voltar? Cheguei lá pra descobrir que não, não era dessa vez.
Mas eu nem fiquei triste. Sabe o que eu fiz? Pedi aquele café com nutella que você me fez provar, e pedi pra colocarem aquela folhinha de hortelã que você amava, mas eu nunca consegui entender como é que aquilo podia combinar.
E aí eu lembrei de nós dois. A gente também não tinha eira nem beira, né? Minha amiga ria do quão diferente a gente era, e mesmo sem pé nem cabeça, a gente tinha as mãos dadas, e isso pra mim já valia mais que o mundo.
Eu sei que tudo nessa vida tem hora pra acabar, uma passagem só de ida, um lugar onde só se pode ir sozinho.
Mas é que aquele dia, naquele café, eu sorri ao lembrar de você. E me bateu uma certeza, uma coisa pontuda que sussurrava seu nome.
Eu soube ali: eu ainda vou te encontrar. Ainda vou esbarrar com você e aí sim eu vou poder te dizer tudo que eu penso. Eu vou poder olhar nos seus olhos e dizer que eu não tenho a menor dúvida: você é a coisa mais linda que eu já vi passar.
E mesmo que esse instante só dure um segundo, tudo bem.
Vai ser mais um segundo que meu coração vai bater em dissonância ao lembrar que já caminhou ao lado do seu. E aí, nossos caminhos podem se separar de novo.
Porque eu sei que, em qualquer lugar, eu vou sempre lembrar de você. E de como você continuou lindo, mesmo sem poder ficar.