Uma hora tu vais aprender que não há nada de errado em entregar aos outros o sentimento que achas que deves, e que errado é querer receber o troco na mesma moeda. Que erros são importantes sim, e tornam os nossos acertos ainda mais significativos, porque é uma forma mais gratificante de aliviar a nossa responsabilidade.
Vais aprender que a banda nem sempre toca como a gente quer, mas ‘’como se toca, se dança’’, já diria a minha avó. Talvez tu digas que não quer, mesmo querendo. Que está tudo bem, por fora, quando na verdade, por dentro, o teu céu interior está em chamas, pelo simples fato de conseguires conter os impulsos, mesmo com o pulso acelerado. Terás vontades que não se matarão sozinhas e quem sabe permaneçam contigo até o final dos teus dias, por falta de coragem tua ou audácia dos outros.
O tempo vai te ensinar que sexo é tão bom quanto amor e que os dois não são melhores amigos, mesmo que andem juntos às vezes, porque se fossem os cafajestes não existiriam. E que beijar alguém de olhos abertos pode não ter a mesma essência, mas tem o mesmo gosto de desejo, isso eu te garanto.
Descobrirá que tuas lágrimas podem ser salgadas, doces ou amargas, dependendo de quem as provocar. Vais criar borboletas no estômago algumas centenas de vezes, até que entendas a diferença entre elas e uma gastrite nervosa. Compreenderá que se não houver nada a ser feito é porque já foi feito tudo.
Nem tudo o que vai volta, nem tudo o que sobe desce e muito menos reluz só porque é de ouro. De tanto achar que é, a gente pode acabar se perdendo naquilo que nunca foi nada, além de suposição. Vais dar mais valor aos teus pais, aos teus irmãos e ao teu cachorro, porque eles são a certeza de que tudo o que vivestes, até aqui, valeu à pena.
Vais entender que talvez ele não ligue hoje, nem amanhã e que está tudo bem. Tu já não estás mais ligando para a falta, porque aprendeu a se fazer ainda mais presente para si. Vais mudar de opinião e camiseta umas 9 vezes por semana e, quem sabe, nunca pare de gastar dinheiro em bobeiras que achou útil e estão todas na mesma gaveta da cômoda, pois sempre foi mais fácil acomodar as coisas que não queremos mais longe dos olhos.
Talvez o destino te reserve uma velhice dentro de uma casinha branca de janelas azuis em frente a algum mar cristalino da Grécia. Ou em um chalé de madeira envernizada em alguma serra no interior do sul do país, pouco importa o local, a data ou a hora. Tanto faz, desde que tu continues fazendo. Tu vais aprender das mais diferentes formas que a tua forma de ser precisa ser vivida todos os dias, que amanhã não é hoje e ontem não vem mais. Tu vais te ensinar a viver, da forma mais autêntica, deliciosa e dolorosa possível: vivendo.
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