[Você pode ler este texto ao som de Take Me Home]
Perdoa a minha covardia, minha burra covardia, que deixou meus pés presos à areia enquanto você se afogava, enquanto entrava água e eu não fazia nada, nada, água, nada.
Perdoa a forma como eu deixei pra lá, como eu fui apagando e sumindo, apagando e sumindo, apagando e sumindo feito pisca-pisca da tua vida.
Perdoa a falta, nunca soube lidar com ela. Então deixava ela pros outros lidarem por mim, pra você lidar com o buraco que eu te abri no peito sozinha, pra você lidar com um monte de coisa que eu não via, mas que tava ali. Perdoa por te deixar sozinha num filme de terror no cinema, eu te amo, não esquece disso.
Perdoa porque eu tenho medo, mas ninguém é obrigado a lidar com o medo do outro. Quem sente sou eu, tu só me abraça. Tu só tenta sobreviver nessa trincheira sem ser atingida, enquanto eu monto relógio prestes a explodir. Explodo e quanto mais perto, quanto mais próxima, não sei se foi um dia, duas semanas, uns meses ou algumas vidas, mas eu te machuquei. A gente sempre machuca alguém quando não percebe que importa. E você importava pra mim.
Perdoa as mensagens que eu te mando, as ligações nada a ver no meio da madrugada, as vezes que eu disse que ia me matar e você o deixou pra me impedir. Eu não ia me matar (porque daí não teria você), mas faria qualquer coisa pra te ver de novo.
Perdoa as tentativas falhas de esfregar na tua cara que eu tava bem, das fotos trocando beijos, dos beijos trocados na sua frente, eu não gostava mais delas (nem elas de mim). Ninguém gosta de um fudido que estragou tudo uma vez e nunca mais conseguiu reparar.
Perdoa a dor que eu sinto porque o tempo voa e a gente já tá longe, você já tá com ele, e eu não passo de um borrão de cigarro manchando a sua vida. Perdoa por eu não conseguir te esquecer, perdoa o choro, perdoa o tempo que eu gasto tentando voltar atrás. Perdoa mais ainda por eu esperar bem lá no fundo que um dia você volta, que um dia você não vai mais desistir de mim.
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