[Você pode ler este texto ao som de Pillowtalk]
– Mas e quem não gostou do Harry Potter?
– Não entendeu.
– O que há para entender? Uma criança perseguida por um homem sem nariz.
– Uma criança criada em um armário de vassouras, você me respeite…
Imagino todas as brigas que a gente ainda vai ter assim: eu com o controle na mão porque quero assistir um episódio de House of Cards, mas você insiste em rever todos do Hitchcock. E na boa? “Ladrão de casaca” é muito melhor que “Um corpo que cai”, e quando eu abro a boca para falar isso você simplesmente me cala do único jeito que seria possível me calar.
Tantas coisas moram dentro do teu beijo. Uma vez eu comprei um scarpin lindo, exatamente do jeito que procurava e estava em promoção. Lembro que guardei a sacola por uma semana só para lembrar da sensação que senti quando consegui comprar o que eu queria. Sabe aquela alegria que a gente se permite sentir diante de alguma coisa trivial? Quando a treta do trabalho não invade o nosso dia ou ficar 1h30 parada na Rebouças não muda a forma como a gente vê o mundo. Essa sensação. Eu gostaria de pendurar uma sacolinha que me lembrasse todos os beijos que você me deu aquele dia.
A minha vida tava ótima até você aparecer. Quem faz bem de verdade não é aquela pessoa que chega para salvar seu mundo, mas quem chega para te mostrar que dá para ser mais feliz do que você já é.
Aquele viralata que passa correndo me lembra aquele primeiro gif que você comentou, a música tocando naquele carro é a mesma que você me enviou no whatsapp e até aquela historinha que você contou no snapchat que na verdade era só para mim. Aquele recorte, aquele pedaço de uma época que não vivi, mas que faz parte de você e por isso de alguma forma também faz parte de mim.
Tantas coisas moram dentro do seu beijo. Inclusive eu. Hoje é segunda-feira e a gente ainda nem se viu, mas eu imagino todas as brigas que a gente ainda vai ter.