[Você pode ler este texto ao som de Lost Stars]
Você talvez nem saiba que existe. Duh. Como assim você não sabe que existe? Você não sabe como existe pra mim. Não sabe como eu vejo você, como eu projeto você – como eu me projeto em você. Não sabe das coisas que eu imagino nem sabe como te elegi para uma fileira diferente da minha vida, para aquela fileira do “pode ser que dê certo, dessa vez pode ser que seja ele(a)”.
Enquanto você passeia pelas minhas fotos, curte uma coisinha aqui e ali, até comenta umas besteiras, eu me pergunto se algum dia, algum mísero dia, você vai entender a fantasia que eu montei em torno de você. Eu não tenho uma queda por ti, tenho abismos, e eles são quase do tamanho da parede invisível que separa a gente. Barreira essa que não faço ideia de como quebrar, não sei se é feita de porcelana ou de gesso, não sei se consigo demolir isso sozinho ou se preciso de você. Preciso. Sei que preciso.
Enquanto você publica sua vida, eu finjo que tudo é Carnaval, meu bem, e te enfeito com adereços românticos que eu conheço muito bem. São fantasias e mais fantasias, histórias que eu queria te contar num píer, numa brincadeira de Pierrot e Colombina que acabasse bem pros dois. Mas você deve ter seu Arlequim. E se não tem, por que não eu? Porque não.
Curioso é que eu te sinto perto demais, quase ao alcance das minhas mãos, quase como se me dissesse em códigos que também me deseja, e é aí que eu caio na armadilha. Eu leio sinais, eu leio teu corpo todo, eu te leio em códigos, num HTML complicado que não surgiu nas minhas aulas de programação. Finjo que entendo, mas não entendo bulhufas. Afinal de contas, eu nem te conheço direito. Ou conheço tão bem, feito as palmas das minhas mãos, que você parece areia escorrendo por elas. Que você já não é mais uma utopia e já passou por mim, com corpo presente e saliva, mas não ficou. Nesse caso, por que você insiste em manter aparências num baile de máscaras? Não te entendo, não me entendo, e continuo sufocando nessa agonia paranóica que só quem gosta de alguém que não pode ter sabe como é.
Na melhor das hipóteses, vou rir da gente amanhã. Vou rir disso tudo quando perceber que só coloquei você no meio das minhas lacunas incompletas, perto daquelas mesma fila de gente que eu achava que poderia dar certo. Pode ser que a gente tivesse nada a ver, que o beijo quebrasse o feitiço, que eu acordasse pra entender que meu crush não passa de uma ilusão bonita que eu criei em cima de alguém aleatório. Pode ser. Mas, por via das dúvidas, espero que você perceba como existe. E pare de colaborar pro funcionamento meio torto e meio imaturo do meu jeito de gostar de você. Ou continue. Continue, continue, continue até não sobrar mais espaço nenhum entre a gente. Nunca se sabe, querido(a) crush. Nunca se sabe.
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