[Você pode ler este texto ao som de Hands To Myself]
Ela não tira as mãos dela mesma. Toca as pernas, toca as coxas, toca os lábios sem precisar apresentar boas poses, pernas fechadas, silhueta comportada nem nada disso. Ela sabe que não precisa obedecer velhas convenções sociais que contrariam quem ela realmente é. Nem liga se falam alguma coisa, sabe que está certa. E que o diabo vos carregue, meus queridos, se tentarem dizer o contrário.
Só lembram de falar sobre como ela queima. Sobre como ela sua nos lençóis. Sobre como ela crava unhas na pele, mas só ela entende de como cravar as unhas na vida. Crava com vontade pra não deixar sonho nem esperança alguma escaparem dos lábios. Falam tanto do vermelho e se esquecem que ela gosta de verdes e azuis, de roxos e amarelos na boca. E dispara verdades cruas sem sutileza nenhuma enquanto dobra os lábios. Você acha que é revolta, mas não é. É só a natureza dela que não veste roupa nenhum muito menos fantasia.
Ela quer desnudar você. Não na cama, esqueça isso. Mania chata de acharem que o doce veneno dela se restringe ao sexo. Ela quer picar você pra te deixar vulnerável, quer ver além da casca, do terno bonito, do vestido estampado, do conjunto de roupas de baixo que você comprou em Nova York. Aquele seu blá blá blá não serve nele, não cabe nela. não tem espaço ali. E quando não dizem nada que venha de dentro, que a deixe formar uma opinião concreta e bem talhada sobre quem você é, ela vai embora sem cerimônias. Levanta e simplesmente vai embora. Não interessa viver rodeado de manequins pra ela.
Não exibe nada que possa ser lido de primeira. Emite sinais, mas o código dela é diferente, você não sabe ler, não sabe entender. não sabe nada sobre. A menos que ela venha e diga tudo, como num tiro de canhão, como quem rompe com um contrato sigiloso. E ela diz, vai de oito a oitenta, não sabe viver fora dos extremos. Não sabe mentir quando ama, por mais que esconda isso. E você percebe porque ela não tira as mãos dela. Não tira as mãos do que a possui. Não tira nunca as mãos do que já foi dela. Ela deixa rastros mesmo depois de já ter ido embora. Pra ela, restam caminhos deixados pra trás e bola pra frente. Pra você, resta uma maldição pro resto da vida: ou você a seguirá por onde quer que ela vá, por cada canto da sua memória; ou você terá deixado ir embora alguém que nunca mais sairá de você.
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