Te conheci no Alasca há algum tempo atrás, e as pessoas me perguntavam sempre quem é que conhece alguém no Alasca. A gente tava sentado com os pés pra fora da borda, com o coração pra fora da rota e você me disse que sentia frio. Eu também. Acho que essa é a minha grande primeira memória de você.
Pouco tempo depois te disse que bebia café porque gostava da sensação do calor descendo pela garganta e tomando meu corpo. Mesmo que fosse verão, beber uma caneca inteira era como acordar pra vida com cafeína e um afago discreto. Você me abraçou e disse que sabia exatamente como era viver com o coração assim em frangalhos, palpitando por coisas simples, reverenciando o poder de um café. Acho que foi nesse momento que eu descobri que amava você.
Teve uma noite também que você me disse que sentia uma alegria imensa quando andava numa roda gigante, mas também tinha medo. Confesso que comecei a entender o mundo naquela hora, confesso que me entendi mais ali também. Você foi meu espelho, via em você tanta coisa em mim, tanta coisa boa e tanta coisa ruim que eu me analisava a partir de você. Talvez, por isso, eu tenha escolhido passar mais tempo com você, te chamar pra uma viagem de carro pela costa oeste, acordar você com xícaras de café e patês.
Você me ensinou um monte de coisa de programação e tecnologia, e eu acho que te mostrei um pouquinho do que é ser todo coração, do que é se jogar no mundo sem perspectiva de vida. Você chorou tanto no meu ombro no dia em que eu disse que tava indo embora, e chorou tanto meses depois quando a gente se viu de novo. Minha conta de telefone aumentou consideravelmente pelos reportes da viagem, minha esperança aumentou consideravelmente quando perguntei se você me pegaria no aeroporto na volta. E foi um dos dias mais felizes da minha vida quando a gente se abraçou forte no saguão e todo mundo em volta não entendia que era como se Júpiter tivesse encontrado Saturno de uma vez por todas.
Sabe o que é engraçado? Foi com você que eu descobri que alguns dos nossos maiores amores nunca serão afetivamente consumados, nem são como nos filmes. Não precisa de beijo acalorado nem de sexo selvagem entre quatro paredes. É mais cumplicidade, é mais irmandade. E poucos amigos são assim pra mim como você é. Você me completa dos pés à cabeça, num jeito perfeitamente simétrico que só a vida vai explicar. Te conheci no Alasca porque a gente sentia frio, e hoje a vida é Havaí com Rio de Janeiro por sua causa. Obrigado por tudo. Obrigado por esse amor-amigo que me fez perceber que eu não preciso de café pra sentir alguma coisa boa aqui dentro.
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