Como se livrar de um babaca


[Você pode ler este texto ao som de Barcelona]

Nessa vida, todo mundo já brincou de Banco Imobiliário ou War. Nos dois jogos, a lógica é a mesma: conquistar mais territórios, enriquecer, dominar o mundo. Acumular coisas, ter mais que seus oponentes. E todo mundo sabe que esses jogos levam horas e mais horas, talvez dias, dependendo de quantas pessoas estiverem envolvidas neles, para acabar. No jogo romântico, a coisa não tem sido muito diferente.

Parece que desenvolvemos uma espécie nova, ameaçadora e completamente viciada de jogadores. São os apostadores, aqueles velhos crápulas que estacionaram no colegial com a ideia de que a conquista é muito melhor que a vivência. Pularam as aulas de filosofia e história, não ouviram Maquiavel dizer nada. Pra eles, os meios justificam os meios. Vivem circulando pela área intermediária do romance, num vai-não-vai irritante de quem sabe-o-que-quer-não-sabe-o-que-quer. Librianos eternos, eu diria. E olha que eu sou de libra pra bem entender o que é indecisão.

Só que o caso deles é diferente. A indecisão é forjada. Eles gostam de brincar de gato e rato, o pique-esconde deles pode ser um eterno festival. Hedonistas, eu diria. Vivem num estado festivo de te enrolar como se fosse a coisa mais divertida do mundo, como se a paixão dependesse disso. Não depende, amigo. Nunca dependeu.

Livre-se de um babaca. #frases #entretosasascoisas #danielbovolento

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Se você se identificou com o guri descrito aqui, pegue sua fantasia e escolha uma bebida: você está vivendo uma belo dum carnaval. Ele mascara as intenções com maestria, e você segura o fardo como se fosse porta-bandeira. Estandarte de ouro pra você. Se gosta do jogo e não te incomoda, se só quer brincar com ele e com o samba que ele toca, tudo bem. O problema é quando isso te irrita, quando você sabe que o gajo não vai pra frente. Amor de enrolação também não sobe ladeira, lembra? Se é isso que acontece, essa persistência irritadiça que aflora em você, te dou um simples conselho de amigo: livre-se dele.

Livre-se das palavras acolchoadas que evitam impacto.
Livre-se dos convites remarcados e das mil desculpas esfarrapadas.
Livre-se da ausência planejada e das intenções articuladas.
Livre-se dos tabuleiros, dos jogos e tire a fantasia de peão.
Livre-se de um babaca.

No fim das contas, você vai entender que o problema não são (e nunca foram) os dados.


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