[Você pode ler este texto ao som de Love Me Like You Do, na versão do Boyce Avenue]
Se não fosse pelo seu hábito de caminhar às 6h da manhã, eu não teria descoberto o meu café preferido na rua de baixo nem teria aprendido que capuccino não passa de café com leite. Não teria visto como a Orla é bonita do Leme ao Arpoador nem presenciado aquilo que eu chamo de brisa da manhã, uma das coisas que só o Rio de Janeiro tem. Se não fossem as nossas noitadas pela Lapa, com o táxi correndo pelo Aterro, talvez eu nunca tivesse descoberto que não se pode misturar rum e tequila. Obrigado por aquela ressaca.
Se não fosse o teu livro preferido do Chico e o hábito de visitar a Cultura, eu não teria achado a Fernanda Torres no meio de um punhado de livros do Caio Fernando e da Martha Medeiros. Não teria levado pra uma viagem de trem na Tailândia nem descoberto uma brasileira sorridente, que duvidou que uma capa tão bonita pudesse falar sobre algum fim. Não teria jantado com ela e vivido um tórrido romance de dois dias antes de descobrir que partir nem sempre dói, que partir é necessário.
Se não fosse a tua mania de me fotografar quase pronto, eu não teria entendido sobre fins, meios e coisas incompletas. Continuaria usando a mesma combinação de calça social e camisa pra ir pro trabalho, faria o mesmo caminho todos os dias, nunca teria me ligado no meu modo repetitivo se não tivesse visto os filmes da tua câmera. Não teria mudado umas coisas que não eram minhas, umas coisas que não eram eu. Talvez eu nunca tivesse começado a gostar dos meus olhos e do meu queixo e dos meus joelhos gordos e mais de mim.
Se não fosse você e o nosso tempo juntos, eu não teria pegado umas manias tuas, não teria construído umas manias minhas, teria passado do mesmo jeito de antes. Quando a gente encontra alguém que faz parte da gente, mesmo que a pessoa vá embora, nós levamos algo dela. Se não forem os costumes exatos, levaremos alguma coisa que só teria acontecido por causa dela. Se não foram as consequências, levaremos novos modos e jeitos novos de viver a vida. Eu não pedalava, eu não esquiava, eu mal tirava o passaporte da mochila e hoje eu sou do mundo. Tem gente que vai embora e não mata a gente, pelo contrário, faz a gente se sentir mais vivo depois da passagem. Essa é a beleza dos encontros, essa é a beleza dos amores que deram certo por aquele tempo: eles mudam a gente de um jeito tão grande que nós nunca mais seremos os mesmos.
Obrigado por isso, obrigado por tudo. Aqui ou distante, como antes ou nunca mais, obrigado por ter feito parte de mim. Hoje em dia, eu sou uma parte de você em tudo, e isso não é saudade ou sinal de que eu não te superei. Nada disso. É só o meu jeito singelo de agradecer pela passagem, pelas mensagens, pelos costumes e pela nova versão de mim, que agora é uma pessoa muito melhor por ter encontrado você um dia.
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