[Você pode ler este texto ao som de I’ll Never Forget You]
Sempre tive o costume de me apegar em canções que me deixavam pra baixo, tinha que criar trilha sonora pra cada decepção e eram dias e dias com as mesmas notas de piano e alguma voz melancólica por cima, que eu deixava como pano de fundo pra embalar minha tristeza.
Incrivelmente, depois de você isso parou. Eu vivia os dias descobrindo novidades pra te mostrar porque não tinha coisa melhor do que deitar do teu lado e ouvir aquele monte de coisa tentando achar uma música pra ser nossa ali naquele momento, com tua cabeça descansando no meu peito. Talvez eu nunca mais escutasse aquilo de novo, talvez você nem estivesse prestando atenção algumas vezes, talvez eu já tenha esquecido de metade dessas trilhas, mas eu não vou esquecer daqueles dias.
Você sempre implicou comigo por eu nunca ouvir o mesmo CD duas vezes e reclamava de como era difícil acompanhar tudo que eu gostava.
Mas eu aprendi a seguir a vida com você, em nunca me prender em coisas ruins, e levei isso do mesmo jeito que eu queria te levar pra sempre do meu lado. Se eu fosse mais sagaz, eu teria dito que a única música que valia a pena repetir é essa que a tua voz faz.
Hoje eu me peguei ouvindo um disco antigo depois de muito tempo, deu saudade. Daquela música, da tristeza, de você.
Eu devia ter registrado cada playlist com dia e hora marcados só pra não ter que forçar a memória e lembrar com clareza cada sorriso que você dava, quando a sua voz se juntava na minha, quando aparecia uma letra que combinava com a gente.
Se eu pudesse prever o futuro, eu ia repetir cada “eu te amo” seu até riscar o disco.