[Você pode ler este texto ao som de Lost Stars]
Eu comecei com a ideia de que você era o cara certo pra mim. Ideia boba, eu sei. A gente nunca é a pessoa certa pra alguém, nós somos só caminho. Sabia que eu não iria ficar, sabia que você não iria ficar. Sabia que era questão de tempo. Mesmo assim, insisti.
Existe uma coisa bonita em insistir nas pessoas que amamos. É terno, é esperançoso, pode ser burro também, mas quem liga pra isso? Àquela altura do campeonato, eu só ligava pra ter alguma mensagem sua na caixa de e-mails, algum convite pra assistir ao novo filme nacional que tá todo mundo falando, algum presente de Natal ou aniversário dizendo que lembrou de mim. Eu só ligava pra saber até quando você teria vontade de me manter por perto antes de dizer – todos dizem – o que eu já cansei de ouvir: acabou.
Fiquei o tempo todo evitando percursos que poderiam mexer na gente. Bora jantar com os seus amigos insuportáveis? Bora. Vamos ver aquele filme de terror que não dá nem pra sentir medo, que só ter a ideia de estar jogando dinheiro no lixo? Bora. Vamos comer camarão sem perguntar se é cinza ou vermelho pra eu não morrer de alergia? Claro, eu adoro camarão. Odiei tudo isso, mas tinha você. E, de alguma forma, isso fazia com que as coisas valessem a pena. Também não posso ser injusto, você aturou bastante coisa comigo. Aturou uma festa de aniversário surpresa em que o meu ex apareceu bêbado dizendo que me amava e cantando macarena. Aturou minha vontade de ficar em casa sem olhar pra sua cara durante uma semana sem pestanejar. Aturou os meus amigos insuportáveis que nunca gostaram de você só pra me ver feliz. Nunca te privei de nada, você nunca me privou de nada. E eu tava bem feliz, ainda que morno. Se esquentasse ou esfriasse demais, você iria embora.
Morria de medo, amor. Andava pelas beiradas te circulando feito a Lagoa Rodrigo de Freitas. Tinha medo de que, se chovesse, você iria transbordar e eu não iria dar conta. Tinha medo de que você encontrasse alguém mais divertido que eu. Tinha tanto medo que não conseguia ficar bem perto de você, e você também nunca fez muita questão de me segurar pela cintura. Acho que você gostava dessa minha coisa meio caça, meio vigia. Te fazia sentir bem guardado, né? Eu imagino que sim. Tinha tanto medo que só vivia com medo, já não era mais amor. Lembro que isso ficou evidente no nosso segundo Natal com a sua família e você se esqueceu de comprar o meu presente. Eu também me esqueci. Me esqueci de que era Natal, me esqueci do que eu tava fazendo ali, me esqueci de ligar pros meus pais e só lembrava do medo que eu tinha de perder você.
Eu comecei com a ideia de que você era o cara certo pra mim. Ideia boba, eu sei. A gente nunca é a pessoa certa pra alguém, nós somos só caminho. E foi no caminho de casa, voltando sem presentes, que eu decidi te pedir pra parar o carro e me despedir. Era isso ou viver com medo. Era isso ou viver atormentado pelo medo de te perder. Era isso ou fingir que eu tava bem feliz.
Se eu sabia que eu não iria ficar e sabia que você não iria ficar, você também sabia. Sabia que era questão de tempo. Mesmo assim, insistimos.
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