Uma das coisas que mais me irrita nas pessoas em geral é tratar sexo como tabu. Eu escrevo sobre sexo, eu pesquiso sobre sexo, eu converso abertamente sobre sexo, eu faço sexo – olha que surpresa. Sexo é tão natural quanto espirrar, e ainda tem gente tapando o nariz como medida preventiva pra não fazer feio na frente dos outros. Já deu.
Não é novidade pra ninguém que somos todos muito cheios de pudor socialmente, e entre quatro paredes temos um leque de vontades e fetiches que vão do morno às coisas mais ferozes que você pode imaginar. Vai me dizer que você nunca quis usar uma mordaça e uma corda bem amarrada em alguém? Ah, eu não só quis como já usei. Acho completamente natural a coisa toda de sentir tesão, sair direto pra minha casa – ou pra sua? – e transar. Ainda rola aquele café da manhã maroto com mais papo, coisa e tal.
Química é um treco tão difícil de se ter com alguém que a gente tinha era que agradecer de joelhos (rs) pela graça alcançada. Principalmente se a química já rola no primeiro encontro, fato digno de ser pago com promessa de subida da Escadaria da Penha de joelhos. Cansaria menos do que essa coisa de que “falar sobre sexo significa que fulano só quer ir pra cama”, “que não vai ligar no dia seguinte”, “que só te vê como um corpinho a ser apreciado”. E mesmo que fosse sexo por sexo, qual o problema nisso se a gente conseguir se divertir também? Nenhum, minha gente. Nenhum. A gente tem que parar com essa coisa de achar finalidade pra tudo que nós gostamos de fazer. Tatuagem não precisa ter significado. Por que sexo deveria ter?
Meus amigos, nem que vocês tomassem a melhor chave de perna das suas vidas seria suportável aturar alguém chato num jantar. Sexo não garante nada, muito menos te dá pontos a menos. É a personalidade do outro que define se existirão segundos, terceiros e outros encontros. Intenções na mesa, roupa no chão. Meu jogo é esse. Você diz a que veio, eu digo também e, se dermos sorte, os dois gozam antes do segundo encontro.
Transar no primeiro encontro significa “oi, gostei de você, parece que a gente tem afinidade”. Deu tesão, deu vontade, o santo bateu, sinta-se atraente também. É uma baita sorte ter essa conexão logo de cara – principalmente se o sexo for bom. Daí cê já se prepara pra subir outra escadaria.
Ao contrário dos chatos, moralistas e insossos que gritam lições de ética e dignidade por aí, acho que a expressão “se dar o respeito” tem mais a ver com respeitar teus gostos e vontades do que se curvar à opinião de gente que, na boa, não faz diferença na sua vida. Se você se envolver com um desses que condenam ao corredor da morte e dispensam quem transa no primeiro encontro, paciência, não vai ser o primeiro babaca da sua vida.
Gosto de gente safada, gosto de dirty talking, gosto de quem confessa seus pequenos segredos sujos. É excitante, é melhor que literatura erótica ou filme pornô. É real, e você tem a possibilidade de realizar junto a coisa toda. Sou fascinado por quem se despudora, por quem conquista intelectualmente sem medo de tirar a roupa. Intimidade é muito mais do que ficar pelado na frente de alguém, e isso talvez seja a primeira lição que a nossa sociedade cheia de tarjas de censura deveria aprender. Valorizamos da maneira errada a coisa sexual, projetando numa atividade natural e prazerosa uns conceitos sociais bem tortos. Não tem necessidade disso, a mesma pessoa pode ser safada, livre, gostar de sexo e saber falar sobre Freud. Essa dicotomia que criamos só serve pra atrapalhar tudo. Basta organizar direitinho, com proteção e tudo mais, todo mundo transa.
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