[Você pode ler este texto ao som de Smash Into You]
Queria ter encontrado você no ano passado, no meio de um festival sem graça que eu fui e que não tinha minha banda preferida nem meus amigos, mas podia ter tido você. Queria ter sentido aquela compaixão bonita com nós dois bêbados, ter rido do tempo que você passa no telefone e ter chegado perto pra afastar o cabelo que cairia no seu rosto. Você tava falando alguma coisa sobre ter amado um show e não ter esbarrado comigo, mas que queria. E eu queria ter beijado você.
Queria te falar coisa pra cacete, contar como eu tô me segurando pra não te assustar. Eu odeio isso: me segurar pra não te assustar. Porque já faz tanto tempo e tanta gente que eu achei que você nem se assustaria com as minhas tatuagens, mas você ainda tem medo de que as minhas marcas estejam em alto relevo. Você passa a mão por mim e eu sou todo afeto, eu sou todo a melodia que toca e você nem sabe por que, mas sorri. Queria ter pedido pra você me abraçar nessa hora.
Queria ter ficado dormindo até mais tarde mesmo com o braço dormente, mas eu nunca sei se devo ficar no dia seguinte ou se é melhor sair correndo. Eu nunca sei o que você quer. Na dúvida, eu corro. Você me liga e eu nem reluto em atender, não tem “deixar pra depois” com você. Você é agora, e vai ser agora até quando não me quiser mais. Me diz os teus horários dessa semana que eu vou, não deu pra chegar a tempo, entendo, te desculpo, desculpo porque te quero demais, nem ligo se tiver que pegar seis horas de ônibus pra correr até você, nem ligo.
Cê me causa uma coisa bonita, como se explodisse uma aquarela bem na minha frente e eu ficasse abobalhado pensando nas cores. Parece comercial de margarina, eu fico chato só de lembrar. Tento dizer o que sinto, mas não sai, por favor, não deixa nunca sair, deixa essa coisa bonita ficar comigo até quando você me der as costas? Não te deixo. E devo dizer que guardei tudo o que eu queria porque bate um medo, cacete, eu jurei que iria parar de xingar, mas não dá. Fumei dois maços pensando em você e fiquei entalado, tragava e trancava a garganta e nunca te falava, mas eu não queria, eu ainda quero. Quero pra caramba.
Queria ter usado a camiseta do Botafogo e te protegido da chuva, mas o máximo que dava pra fazer era correr por ela com você. A gente corre no meio da chuva achando que isso vai diminuir a quantidade de água que cai, mas só faz molhar mais rápido. Eu sou assim com você. Eu corro, eu quero te atravessar, eu quero me atirar em você pra ver se passa logo e eu não deixo uns pedaços de mim, mas adianta de nada, só me molho mais.
–
Hey, o meu livro “Por Onde Andam as Pessoas Interessantes?” está à venda. Se você gostou desse texto, acho que vai gostar muito do livro. Dá uma olhadinha aqui e aproveita pra comprar logo o seu antes de todo mundo! 😀
Venda na livraria:
Saraiva: http://bit.ly/1fgk7pf
Travessa: http://bit.ly/1Sjtsth
Folha: http://bit.ly/1IVIZi5
E eu também criei um canal no Youtube e ficaria muuuito feliz se você fosse lá conferir os vídeos. Só clicar aqui.
Aproveita e já se inscreve no canal porque tem muita coisa legal vindo por aí!
*Para fins de direitos autorais, declaro que as imagens utilizadas neste post não pertencem ao blog. Qualquer problema ou reclamação quanto aos direitos de imagem podem ser feitas diretamente com nosso contato. Atenderemos prontamente.
Você também pode gostar desse assunto. Assista ao vídeo abaixo: