[Você pode ler este texto ao som de One]
E lá se foi você pela última vez. Eu não sabia deste último detalhe, até hoje, até perceber que não existe mais você dentro daquelas risadas que escapavam de qualquer piada idiota que fazíamos, lembra?
Quando você fechou a porta e olhou de canto de olho pelo ombro, eu jurava que voltaria. Eu jurava que eu sairia correndo naquele momento e puxaria seu braço implorando para que ficasse, implorando para que esquecesse das nossas brigas naqueles últimos meses, nossa falta de sintonia e de qualquer coisa em qualquer momento. Será que seria fácil assim? Eu imaginei essa cena tantas e tantas vezes, mas a real é que ela nunca aconteceu.
Você foi embora.
Finalmente tínhamos tomado uma decisão. Finalmente paramos de fingir que os sorrisos não eram amarelos, que o menor toque ainda causava algum tipo de arrepio, que as conversas fluíam e que nem eu, nem mesmo você, não ficávamos horas e horas pensando em uma forma de mudar tudo isso. Se houvesse uma solução, se soubéssemos a fórmula para essa equação…
Hoje não existe nada mais disso, com exceção da lembrança do seu olhar pela última vez.
Ainda acho que as coisas acontecem por um certo motivo e talvez a gente ache o nosso algum dia por aí. Talvez a gente esbarre nas respostas dos nossos porquês em algum momento da vida. Ou, quem sabe, a gente perceba que certas coisas não precisam de resposta mesmo. Elas simplesmente acontecem. As pessoas simplesmente aparecem e se vão – assim como você se foi naquela última vez que bateu essa porta, maldita porta que insiste em me encarar todos os dias me pedindo respostas.
Mas para essas perguntas, as únicas respostas que tenho se resumem nesse talvez. No nosso guardado talvez.