São quase 4 horas da manhã. Há 10 minutos estou deitada no escuro aqui no meu quarto depois de terminar de ouvir as fitas de Hannah Baker em 13 Reason Why. Há 10 minutos estou aqui deitada no escuro sem saber exatamente o que sentir, ou pensar. Há 10 minutos está passando um filme pela minha cabeça sobre tantas vezes me senti exatamente como ela se sentiu.
É tão difícil viver em um vazio. É tão difícil você se esforçar para ter uma vida boa, tranquila, ser feliz e fazer as pessoas felizes e, deitada no seu travesseiro, você sente que tudo é pó. Que tudo se vai muito mais fácil do que chega.
Eu já perdi as contas de quantas vezes me senti assim. Já perdi as contas de quantas vezes já pensei em ter o mesmo destino da Hannah e acabei desistindo porque sempre acabo pensando em outras pessoas, em como não poderia magoar minha família, meu namorado, meus amigos. Em como poderia talvez ainda ter um jeito. Em como eu precisaria dar sorrisos amarelos ainda para meus amigos, dizer que está tudo bem simplesmente porque não consegue explicar o que acontece aí dentro da sua cabeça.
Eu já perdi as contas. E esse gatilho, ou sei lá como queiram chamar, foi puxado nesses últimos 10 minutos. E o que ainda não me conformo é que existem pessoas que ainda insistem em dizer que não se deve falar sobre depressão ou suicídio por poder gerar “coisas” em outras pessoas. Por Deus! Vocês estão loucos? Vocês têm noção de como é uma merda se sentir sozinho? Em como é uma merda passar metade da sua vida sofrendo os mais diversos tipos de bullying e todo mundo achar que é frescura sua, que você precisa seguir em frente? Vocês têm noção de como é tentar ajudar outras pessoas e sempre acabar sendo julgada por coisas que você nunca quis fazer? Vocês sabem como é conviver com uma distorção da sua vida por anos?
Estou há muito mais tempo do que 10 minutos tentando todos os dias criar um significado verdadeiro para ainda estar aqui. Tem dias que dá certo. Tem dias que não. Eu fico feliz por chegar ao dia seguinte e ainda acordar deitada aqui na minha cama porque é sinal que deu certo. Eu fico feliz por saber que não estou sozinha.
Hannah Baker, existem tantas de você por aqui, tantas que se escondem por trás de fotos felizes no Facebook e piadas idiotas para disfarçar a bagagem pesada que carregam dentro de si. Tantas que tem coisas na vida que sabe que muitas outras pessoas gostariam e se sentem culpada por, às vezes, colocar tamanha confusão à frente de tudo. É difícil demais conviver com tudo isso.
Mas eu ainda estou aqui. E fico feliz de acordar de manhã no meu travesseiro. E venho trabalhando para que isso se repita. Para que as coisas tomem forma, para que haja sentido, para que eu sinta o motivo de olhar pela janela e ver mais um dia chegando e me sentir feliz comigo mesma, sem precisar dever satisfações sobre meus pensamentos ao meu coração.
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