[Você pode ler este texto ao som de What Kind of Man]
Tô numa cena patética no banheiro da sua casa. Escorada na parede, sentada no chão, enrolada numa toalha e chorando baixo para não correr o risco de você me ouvir. Essa situação se deve ao fato de que há dois minutos, caiu a ficha: eu me apaixonei por você.
Não era esse o combinado, mas o coração me pregou uma peça de mau gosto. A última coisa que eu queria era isso, porque eu sei que você não está na mesma página que eu – nem pretende estar.
Eu queria que você ouvisse meus pensamentos agora. Talvez chegasse até mim e dissesse que eu não preciso ter medo. “Eu me apaixonei também”. E aí tudo ficaria bem – bem demais, inclusive.
Porque talvez, no fundo, eu goste dessa paixão, sabe? Faz eu me sentir viva. Faz até eu sentir medo, o que reforça a primeira sensação. “Estou viva!”, mesmo depois de tantos tombos pelo caminho. Se não tivéssemos medo, a vida não teria graça. Já pensou nisso?
Ah, mas eu não podia ter caído nessa. Porra! Como desfaz coisas desse tipo? Eu não quero essa dúvida na minha vida, não. Não preciso disso agora. “Levanta”, digo a mim mesma. Limpo o rosto para você não perceber minha cara de choro. A mão já está na maçaneta. E agora?
Eu quero ir embora assim que abrir a porta. Juntar minhas coisas e te deixar para trás antes que o estrago maior seja feito. Antes que eu ame a sua companhia e o seu corpo. Antes que eu ame o seu sorriso e as suas piadas sem graça. Antes que eu ame ouvir seu dia e seus problemas de família. Antes que eu te ame.
Abro a porta e vejo você. Minha blusa a poucos passos de distância… Passo por ela e visto seu abraço. Uso seu beijo de acessório. Meu coração vibra e minhas pernas tremem. O ar mal chega aos pulmões. Tarde demais para mim: eu já te amo.
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