[Você pode ler este texto ao som de Where We Belong]
“Muito bem, então me diz, o que é que eu estou perdendo?”
Eu já pensei assim também, sabe? Não lembro quando comecei a ver as coisas desse ângulo, mas não foi nenhum trauma causado por um relacionamento que tenha acabado mal ou coisa do tipo. Acho que a vida foi acontecendo e, assim como você, em algum momento o amor deixou de ser prioridade para mim. Não digo isso daquele jeito dramático que os personagens de comédia romântica usam para mascarar algum sentimento escondido. Digo racionalmente. Fui um solteiro convicto por muitos anos e te dou certa razão quando você me diz que este é o jeito mais equilibrado de se levar a vida.
Acredito que o tempo endurece a gente, nos deixa mais matemáticos, entende? Com os anos, passei a ver duas opções bem claras: no primeiro cenário, você está comprometido, e entenda, nunca achei que estar com alguém fosse ruim, mas todas as responsabilidades que isso traz consigo me faziam fincar os dois pés atrás e olhar para o outro lado. Lá é onde está o individualismo, que nos permite ter tudo de bom que o compromisso tem e descartar as eventuais cobranças que ele pode vir a ter. À primeira vista soa mais divertido e, vamos ser francos, quem não quer algo assim? Não é minha pretensão julgar nenhum dos dois caminhos aqui, mas peço um pouco de atenção para algo que pode ter passado desapercebido.
Nunca foi uma escolha, meu amigo.
Você me diz que “prefere não se comprometer” como se isso fosse uma possibilidade. Mas te digo com a certeza que só quem já se surpreendeu pode ter: quando ela aparecer, você vai estar de mãos, pés e tudo mais que ela quiser atados. Não adiantaria eu te dizer “o que você estaria perdendo” porque este texto seria mais grosso que um livro do Martin e ainda assim não te convenceria. Bastaria um olhar dela para você saber. E você vai saber.
Vai saber quando o toque dela fizer seu coração se incendiar em combustão espontânea. Vai saber quando se pegar sorrindo a cada vez que disser o nome dela. Você vai saber o que esteve perdendo esse tempo todo quando perceber que entrar no metrô de Botafogo em horário de caos é mais fácil que se livrar das pernas dela quando enroscam nas suas.
Não é algo que faça sentido, não é seguro e sem dúvida há uma possibilidade bem alta de você se magoar eventualmente. Com certeza não é o jeito mais racional de se levar a vida e todos sabemos disso, mas aí ela sorri e, por uma fração de segundo, faz você esquecer de tudo isso e ter certeza de que o mundo está exatamente onde deveria estar.
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