[Você pode ler este texto ao som de Olhos Vermelhos]
Te encontrei bem no MASP, você com seus olhos-de-quem-procura-alguém na multidão que sai do metrô num dia colorido, enquanto baixava rapidamente pra espiar o celular. Eu tava esperando alguém-que-nunca-chegou também e quase parei pra me apresentar, mas você esperava alguém-que-já-tinha-um-lugar-ali. Meus olhos eram vermelho-de-quem-passou-a-noite-em-claro, mas ia passar, tudo bem. Só não queria que você me visse assim.
Você passou, eu não passei.
Fiquei ali torcendo pra você me notar. Queria que qualquer um que subisse a escada do metrô me visse, me enxergasse, nada de olhar que atravesse, tava cansado de gente esbarrando e passando por mim. Pra onde você tá indo? Me deixa ir também. Prometo que faço cafuné quando cê tiver sozinho e mudo a luz do quarto pra imitar um céu estrelado em dia de apagão.
Você passou e eu não sabia mais se ia te ver.
Não sei se sou só eu ou se mais gente lá fora também sente isso, sente como se perdesse tempo esperando por alguém que não vai chegar, sente como se nunca fosse encontrar alguém como você – que parece ter saído de um daqueles meus desejos jogados na fonte – e deixa escapar. E era exatamente o que eu tava fazendo: te deixando escapar. Você ia entrar numa fileira qualquer e eu ia te perder no meio de balões e de gente que brinca com balões. Você nem iria lembrar que cruzou comigo e eu ia acordar em casa com meus olhos-vermelhos-de-quem-podia-ter-ido-atrás-de-você.
Você passou e eu subi a rua correndo pra te encontrar.
Existe um momento em que a gente decide que vai tentar ser feliz, vai tentar de novo, vai chegar um pouquinho mais pro lado pra caber alguém no nosso banco, no nosso bote. Também existe um momento em que a gente se sente numa maratona, correndo pra chegar na frente, mas eu só queria chegar até você. É o minuto decisivo: deixar as olheiras lá atrás e ou continuar arrastando os olhos vermelhos estampados na cara por aí.
Você passou e eu sorri. Perguntei se podia te conhecer porque te vi procurando alguma coisa ou esperando alguém no metrô, mas você tava sozinho. Se o tal alguém não veio, assim como o meu alguém nunca apareceu, talvez a gente pudesse juntar um pouco dos dois vazios. Talvez você me deixasse pagar um café e dizer como cê é bonito quando olha pra baixo e cora. E quem sabe você não percebe que eu sou alguém-que-ainda-pode-ter-um-lugar-ali?
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