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Desde de que larguei os Comandos em Ação e comecei a prestar atenção em garotas havia uma coisa sempre me deixou intrigado: minha inabilidade de dizer as famosas três palavras.
Eu via nos filmes e na vida real, e amar sempre pareceu fácil demais para os outros. Não que eu tenha sido paciente algum momento da minha vida mas no início eu até entendia isso. Achava que eventualmente ia achar alguém que me fizesse sentir as tão faladas borboletas no estômago.
Os anos foram passando, a tranquilidade passou antes deles. Comecei a questionar a minha própria habilidade de sentir. Primeiro pensei ser medo, medo de não ser correspondido, de me jogar por inteiro no mar de alguém só pra descobrir depois que eu não sabia nadar.
As primeiras decepções mostraram que não era isso, eu não me importava em tentar. Passei então a suspeitar do meu próprio gosto. Será que eu exigia demais? Não seria mais fácil me conformar com aquela menina de óculos legais que sorriu pra mim enquanto lia “Dorian Gray” no café semana passada?
Percebi que também não era isso porque eu passei a dar chance para as garotas que liam em cafés por aí, de óculos legais ou não. Na verdade elas nem precisavam estar lendo, ou mesmo num café. Eu tentava. Tentava e falhava de forma sucessiva e angustiante e esse fato só me fazia questionar mais sobre mim e as minhas escolhas na vida.
O que fazer quando seu coração não bate, só apanha?
Desistir foi a resposta que eu encontrei. Me fechar. Cansado das pontas de faca, eu enfaixei a mão e todo o resto de mim. Eu estava preparado a dizer para o poeta que era possível sim, ser feliz sozinho. A maior desilusão para um romântico é desacreditar no amor.
Não fosse o perfume que fica no casaco, não fossem os olhos escuros, não fosse o beijo que me acorda e faz o dia começar pra valer. Não fosse, enfim, você, que tirou meus bloqueios e minhas dúvidas tão fácil quanto tirou a minha camisa e me fez dizer “Eu te amo” pela primeira vez.
Eu quase desacreditei. Não fosse você.
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