[Você pode ler este texto ao som de Thinking Out Loud]
Acho que nunca te escrevi como escrevi sobre quem eu amei. Nunca te escrevi uma carta ou um texto marcante que trouxesse junto uma frase de efeito sobre como a gente foi e não vai mais ser. Hoje eu parei pra pensar nisso e percebi que nunca te escrevi porque você não passou. Você não foi embora nem vai chegar um dia. Você tá aqui, sempre teve, esse tempo todo.
Eu sei, você vai me perguntar por que agora? Cê não tá indo embora de vez pra lugar nenhum, eu não tô deixando coisa algum pra trás. É que eu olhei uma foto nossa e vi quanto tempo eu tava perdendo por não falar o que já era óbvio. Por não falar que eu escolhi a minha melhor amiga pra ser meu amor. Eu já tinha te escolhido e não sabia disso. Te escolhi naquele show do RBD que eu odiei e só fui pra te fazer companhia, te escolhi quando menti pra sua mãe que você dormiu aqui em casa pra sair com um cara mais legal que eu – mas naquele dia eu senti uma pontada no peito e não soube explicar a agonia -, te escolhi quando liguei pra contar que tinha terminado o meu namoro, e não sei por que, mas me senti feliz por ter mais tempo pra ficar por perto.
Eu te escolhi no show do Elton John no Rock in Rio porque você era a única que não queria sentar pra esperar o próximo artista, te escolhi no jantar em que vovó perguntou quando a gente iria casar e eu não sabia como explicar que a gente não namorava porque, bem, você era minha companhia de todos os lados e eu nunca soube que a gente era pra ser. Até hoje.
Hoje tocou aquela música que você gosta no rádio e eu cantarolei a letra inteira mesmo não sabendo quem era o cantor. Cantei e me lembrei de você deitada no meu colo, me perguntando se eu saberia o dia e a hora, se eu olharia pra ela quando soubesse que é ela. Não soube responder na hora porque passei uma boa parte da vida olhando pra ela e acho que já sabia, sim. Sabia quando senti um choque na mão durante o casamento da minha irmã e quando eu sorri feito bobo quando você chegou. Sabia porque mulher nenhuma foi metade do que você foi, e nenhuma delas me fez sentir como se a vida valesse a pena. Sabia porque eu só aprendi a dançar pr’aquele dia porque você me conduziu.
Fiquei aqui esse tempo todo por isso, quer dizer, eu ficaria do mesmo jeito se fosse platônico e você não me quisesse, eu me jogaria na frente de um trem pra salvar você, caso contrário, quem iria ouvir Strokes comigo e subir no meu ombro pra enxergar melhor o Arctic? Quem iria entender a piada dos pinguins pra me ensinar que ninguém acha graça nessa piada e você só ri porque é você? Você só ri porque talvez, se eu tiver sorte, você também tem me amado por todo esse tempo sem nem saber. Tem me amado nos abraços sufocados, na conchinha no domingo frio, na mão engordurada de pizza na sexta e até naquele beijo que a gente jurou que não gostou e que tinha sido culpa do álcool. A gente perde tempo demais colocando gente e sonhos e expectativas e paredes de vidro na frente pra não perceber que quem a gente sempre quis esteve ali e não passou (alguns até percebem depois que passa). Mas se eu tiver sorte, ela também vai saber que eu sou ele no exato momento em que eu pedir desculpas por ter demorado tanto tempo pra perceber que eu escolhi você pra ser meu amor. Escolhi faz tempo.
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