Uma coisa que me ferrava sempre que eu chegava naquele momento de “mimimi tô sozinho, mimimi quero comer sorvete, mimimi quero namorar” era que eu nunca tinha ninguém em mente, mas queria alguém. Ok, parece a coisa mais normal do mundo, certo? Quando a gente sente necessidade de companhia, ela nunca é direcionada. É um sentimento que a gente desdobra em vontade de ter alguém e daí começa uma busca avassaladora por alguém que se encaixe na falta que a gente tem sentido.
O problema é que a gente não deveria querer alguém nesse momento.
Porque é quando a gente se sente mais fragilizado, ou seja, mais aberto a deixar qualquer pessoa que mexa minimamente com a gente e que se encaixe um pouco que seja em quem a gente espera que mexa com a gente. Não é um daqueles papos de conhecer alguém, gostar, ir se apaixonando e ver seu mundo virar de cabeça pra baixo. É mais como uma forma de saciar um capricho sentimental nosso. E esse é o pior dos mundos, tanto pra gente quanto pra outra pessoa.
É ruim pra gente porque, hora ou outra, pode ser que caia a ficha que a gente não queria ninguém em específico, só queria trancafiar a carência e saciar a vontade de ter alguém pra passar um domingo, a gente só queria sentir algo, não necessariamente por uma pessoa em especial, mas por alguém. A tal pessoa serviria apenas pra canalizar o sentimento e materializá-lo. Mais ou menos assim: você não tá morrendo de vontade de comer sorvete de pistache, você só quer sorvete. Qualquer sorvete que não for de um sabor que você detesta vai servir. Entende?
E é péssimo com quem deixamos entrar na nossa vida porque não estaremos sendo justos com a pessoa. Não nos encantamos por ela, basicamente ela apareceu num momento de baixa e a gente concedeu espaço por comodidade, como é na maioria dos casos em que a gente aceita alguém por pura carência. É canalhice nossa envolver alguém numa confusão que só diz respeito a nós.
Por isso, a melhor solução pra aquele “mimimi preciso namorar” é tentar entender por que a gente acha isso. Se falta companhia, talvez seja hora de rever alguns aspectos da nossa vida pra entender se é só algo passageiro ou um sentimento influenciado pela nossa mania de achar que precisamos de alguém para realizar alguma coisa na nossa vida. Talvez você não queira namorar, talvez só queira chocolate. Ou talvez esteja se sentindo sozinho porque tá longe dos amigos ou morando numa cidade nova ou numa posição emocional fragilizada. Talvez você até queira mesmo namorar, e daí o processo vai ser um pouco diferente, porque você vai ter que entender que essas coisas não são resolvidas do nada e uma hora acontece, mas não vai ser com qualquer um.
(E sim, eu escrevo muito “a gente”. Tenho que perder essa mania assim como tenho que perder a mania de achar que preciso namorar por carência. :P)
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