[Você pode ler este texto ao som de Quem Além de Você]
Eu me lembro da primeira vez em que vi você. Lembro que eu não sabia seu nome e você não se apresentou. Você não parecia querer me conhecer ou pelo menos não parecia fazer questão disso. Algum amigo meu me mostrou você e disse que seria educado dizer alguma coisa. Mas o que se diz pra alguém que tá parado num canto de um bar mexendo no celular com cara de quem não queria estar ali? Eu perguntei seu nome e se você tinha cigarro. Eu não fumo, você me diz. Nem eu.
Todo grande amor começa de forma singela. Se você reparar bem, as grandes histórias de pessoas comuns começaram por acaso ou por destino. Nada premeditado, nada que envolvesse tarô ou magia, nada que fosse impressionante pra alguém além dos envolvidos. Com a gente foi só um sorriso e foi por amor. E depois foram os cinemas com tickets guardados, foram os jantares e os atrasos, foram os vinhos e os queijos que eu nunca tinha comido, foi a assinatura do Netflix pra ter o que fazer quando batesse preguiça.
Com a gente foi carinho com receio de que você talvez não gostasse de dormir no meu peito, mas você gostou e me disse que tinha aprendido o que era lar. E eu aprendi que morar em você foi a melhor coisa que tinha acontecido desde o brigadeiro de panela.
Percebi depois de te conhecer que a gente é muito injusto com quem vem antes do nosso amor atual. A gente chama quem ama agora de amor das nossas vidas, ou chama quem virá depois porque acha que amor da vida é aquele que fica pra sempre. Nunca os passados. Foram amores também, mas a esperança de que o próximo seja maior nos faz cegos pra isso.
O amor da minha vida é aquele que me transformou um pouco a ponto de me marcar com unhas ou com brasa, com um sopro ou por ter se feito casa, por ter ficado comigo quando nem eu mesmo ficaria. O amor da minha vida tem sido você em todos os dias que eu acordo e te vejo. Você é a primeira e a última coisa do meu dia, sabe? Não tem casca, não tem roupa, não tem poeira pra baixo do tapete e ainda assim você fica. Fica por mim e fica pelas coisas que eu te digo, prometo que repito, prometo que chego de novo e te peço um cigarro, te olho nos olhos e passo a mão no seu cabelo ondulado e te espero sorrir.
Sorri pra mim e muda a minha vida. Muda um pouco de mim, se escreve em braile que é pra tocar meu corpo no escuro, se faz em nota de música e me ensina a tocar violão. Te prometo uma serenata quando der na telha. Um beijo na testa e você me fala que tem medo. Medo do quê? De eu ir embora porque tem uma hora que todo mundo vai embora. Mas eu não sou todo mundo, meu bem. Foi por isso que você guardou o celular naquele dia, mesmo não tendo cigarro, e resolveu ficar.
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