Não: O Terno, banda paulista que está escalada para tocar dia 29 de março no Lollapalooza, não é a salvação do rock. Primeiro porque isso já não é função de ninguém há muito tempo. Segundo porque, bem, essa nem parece a missão do trio formado em 2009. Ainda assim, eles ganham cada vez mais importância no cenário nacional. Em 2012, seu disco de estreia, 66, entrou na lista de melhores do ano da Rolling Stone Brasil – e recebeu elogios rasgados do jornal O Globo. Ano passado, na base do crowdfunding, o power trio lançou um novo álbum, que leva o nome do próprio grupo.
Mas o que há de tão especial nesses meninos? O que vai te fazer querer assistir ao show dos moleques no meio de um dia com tantas bandas maiores? A resposta é simples: O Terno representa, com maestria, o espírito de um festival como o Lollapalooza.
Ainda que os headliners do festival sejam o grande atrativo – e carreguem nas costas a maioria dos ingressos vendidos -, festivais são feitos para a descoberta de novas bandas e, mais que isso, uma experiência musical completa. Ao adicionar o fator São Paulo na equação, a necessidade de assistir esse show no dia 29 ganha ainda mais substância.
Da deliciosa Modão de Pinheiros (do primeiro disco) até a autocrítica Eu Confesso (do segundo álbum), as músicas dos caras transitam por São Paulo como um ciclista cruza, com cada vez menos obstáculos, as ruas da metrópole.
Mais do que isso, O Terno vende exatamente aquilo que entrega: música simples, bem produzida, que faz o pé bater no chão e o ombro mexer. Nada de efeitos especiais, dançarinos, show de luzes ou performances teatrais. Tim Bernardes (guitarra, vocal e piano), Guilherme D’Almeida (baixo) e Victor Chaves (bateria), que surfam nas referências dos Beatles, Kinks e Mutantes, misturam ares psicodélicos, letras afiadas e uma ironia refinada com o tempero que só São Paulo pode oferecer. Não é a salvação do rock, mas pode ser uma das salvações desse Lollapalooza.