12 horas para saber que eu me apaixonaria por você


Três e meia na sorveteria era o combinado, se tivesse sido honrado. Petulante, como toda pessoa que tem certo charme pessoal, não só mudou as regras, como ainda zoou com a combinação de horário e local: encontrar na sorveteira, coisa antiga!

Em 5 minutos ele me alinhou em seus rastros, ignorante de que raramente ando em linhas pré-trilhadas. Pouca gente consegue.

Três horas e meia. Foi o que levou para sentir-me totalmente confortável em sua companhia: calma, ainda que vívida, aconchegante, ainda que misteriosa. Rosto de menino, olhar de ancião, dos que encaram sem medo, dos que se deleitam com a vida e cuja ansiedade foi abrandada pela frequente troca de paisagens. Fôssemos duas palavras seriam sinônimas, ainda que totalmente autênticas. Presença sem idade, sem tempo, sem reservas, sem segundas intenções. Só terceiras.

Zoom na boca. O que me chamou atenção foi a boca. Dela saíam frases que pervadiam perfeitamente meu baú de histórias, reavivando-as. Isso pra não falar da carne, altamente suculenta e beijável. Olhei e desejei que a charmosa mordida constante nos lábios se fizesse um dia nos meus. Seis horas e meia, foi o tempo que levou para este pensamento me vir à mente. Culpa do sorriso fácil e farto dos que sempre escancaram as comportas da defesa, do racional, da ação lugar-comum. Por 11 horas, ele me sequestrou, me arrebatou, me fez perder a noção do tempo, esquecer todos os outros planos, me divertiu, ocupou, embriagou. Em exatas 12 horas o calor dos seus lábios nos meus, costas contra a parede, pressão destes beijos que fazem esquecer que amanhã nascerá um sol. Orgânicos, imediatamente íntimos, viscerais, táteis. O resto ficou por conta da imaginação, da sutileza das nuances de energia dele que ainda reverberaram em mim, do cheiro doce da pele, a leve barba leve se arrastando no meu rosto, meus olhos fechados além da conta, como que não querendo passar para o próximo segundo.

Um olhar intenso, um passo afora entre as pedras tortas das ruas de Paraty e a lembrança do toque se fez mais presente do que a roupa do corpo. Toque matador, mas só. Feliz que tenha sido assim. Algumas coisas merecem o tempo de se dar. Alguns momentos simplesmente são para serem degustados.

Nota do Editor: Alana não é só uma escritora de mão cheia que traz diálogos sobre o cotidiano. Ela também é uma mulher que decidiu buscar a vida dos seus sonhos recalculando sua rota e resolvendo que iria ser feliz a qualquer custo. Para isso, tornou-se uma nômade digital e busca a felicidade viajando o mundo. Lançou seu livro contando sua trajetória e dando dicas pra você que também vive procurando por algo que não sabe o que é ir atrás do que ama. Quer dar uma olhada no livro da Alana? Clica aqui.

Alana

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