[Você pode ler este texto ao som de Amor de Antigos]
A gente é tipo onda e areia, né? Se afasta e se reencontra como se desconhecesse outra ação.
Tem dias que nossa distância parecem meses e quando a gente volta foram apenas minutos de descanso um do outro. E então a gente se senta no sofá e revê o capítulo daquela série, que já assistiu trinta vezes e sempre ri. A gente se permite partir e (se) quando volta é porque o sentimento é mais forte do que as fragilidades de ser humano. A gente se pausa e vai viver sozinho, porque tem sonhos que o outro não acompanha porque não tá a fim. Ou porque tem que realizar os seus próprios. E a gente entende isso um no outro. Porque amor é mais do que presença física. Amor é quando a memória de uma tarde nossa balançando na rede deixa um sorriso nascer. É uma alegria que preenche o corpo apesar de tudo. De tudo.
A gente já pensou que a felicidade fossem momentos dramáticos, como aqueles em que os casais inventam para perguntar se querem ficar juntos pra sempre. Ou a festa que dão para celebrar o amor, que vai ficar dentro de um álbum de fotografias caro e esquecido no armário da sala, embaixo das toalhas de mesa. Mas a felicidade é o cheiro do seu travesseiro que viaja comigo sempre que volto pra casa e preciso dormir na minha cama. E também é aquela vez que você chegou da rua com o vinho que eu gosto dentro da sacola. E quando eu brigo com você, porque você não consegue sair do quarto sem deixar as gavetas fechadas. Felicidade são os momentos que fazem falta, quando o dia-a-dia deixa de existir.
Se desta vez vai dar certo, a gente não sabe. O que a gente sabe é que está junto, sem aquele roteiro burocrático que o mundo cobra. O que a gente sabe é que consegue passar um final de semana na companhia um do outro sem enjoar. O que eu sei é que ficar do seu lado sem fazer nada é melhor do que o tempo que eu tenho sozinha (e você sabe o quanto adoro ficar comigo, em silêncio, um livro ou um filme bacana). A gente sabe que hoje dá certo.
E se um dia a gente decidir (de novo) que não. Que não é. Que por enquanto não vai ser. Que só mais tarde. É porque nada é definitivo, assim como a gente.