1. Você deveria olhar pra ela e notar o conjunto que ela representa, pelo menos uma vez na vida. Surpreender aquele ar dela de que tudo é previsível e disparar uma frase simples, sem muito detalhe, de como você nunca tinha percebido como os olhos dela ficam mais iluminados quando o sol bate na bochecha direita e ela cora. Diz pra ela o modo como você a vê.
2. Conta pra ela como foi o seu dia. Esquece da resposta automática que você daria a qualquer um e se mostra logo. Diz que o dia foi uma bosta, que o teu chefe encheu o saco mais uma vez, que o almoço chegou frio e que a reunião de duas horas te deu uma dor de cabeça tremenda. Fala pra ela, mas fala sem raiva e agradece no fim da conversa por ela ter te ouvido.
3. Diz pra ela as coisas que você gosta nela e dá mais importância a isso do que as coisas que não gosta. Chega de mansinho quando ela estiver brava e desarma a bravura dela com um beijo na testa e um abraço apertado com direito a “me desculpa, amor” sussurrado no ouvido. Sussura como se você dependesse disso.
4. De vez em quando, explica pra ela por que você ficou. Fala daquele estalo, aquele mesmo que você sentiu quando soube que era ela, aquela coisa bonita que você esconde dos seus amigos por se achar abobalhado, mas conta isso pra ela. Vai mudar o dia dela fazendo com que ela saiba o que a faz especial.
5. Diz pra ela um pouco de silêncio. Foca em caminhar com os dedos e com o lábio pelo colo, pelo ombro, pelas costas e respira fundo. 1, 2, 3 e inspira um pouco dela pra dentro. Esquece da necessidade de falar o tempo todo e aproveita um pouco dela numa luz baixa e numa cama pra dois. Como num filme, escolhe uma trilha sonora – real ou imaginária – e monta seu romance particular. Com ou sem vinho, num canto cheio de afeto. E olha dentro dos olhos dela.
6. Se algum dia, no meio do expediente ou da aula de física da faculdade, você ouvir um trecho de alguma coisa no iPod e se lembrar dela, declama. Declama que foi Paramore, que foi Los Hermanos, que foi Pixies numa versão acústica deliciosa que te fez lembrar das férias no Sul e no jeito com que ela fica engraçada mexendo os dedos em luvas de inverno. Compartilha com ela as memórias e cria novas, usa o passado e o que vocês são pra construir um presente mais doce e diz. Diz tudo o que vier à mente, não segura muito não, diz mais “eu sinto” do que “eu também” e esquece a timidez. Se não for dizer, escreve. Escreve assim, como eu, desprezando o imperativo porque tá tentando ser gentil com ela.
7. Diz tudo isso ou algo que nem tá aqui, mas só diz se for sincero mesmo. E se isso puder fazê-la, de um modo ou de outro, um pouco mais feliz.